Uma das melhores horas já vistas em toda a saga.
Divulgação: Disney+
The Eye coroa a primeira metade desta temporada inaugural de Andor, centrando-se quase exclusivamente no roubo à instalação imperial em Aldhani que vinha sendo cozinhado à queima lenta desde o quarto episódio. Uma vez estabelecidos os personagens do grupo rebelde e suas motivações individuais, o episódio tem consciência de que já nos apegamos em alguma medida a eles e, como previsto, usa isso para elevar as apostas e a tensão durante toda a sequência do assalto, meticulosamente entregue pela diretora Susanna White.
Não é nenhum segredo (ou spoiler) de que algo dará errado nesta sequência; afinal de contas, quando na história do cinema e da TV algum roubo deu certo conforme seus participantes planejavam? Mas ao final, confesso que a lista de baixas foi até menor do que eu esperava, embora duas delas certamente terão um impacto significativo sobre Cassian (Diego Luna) e suas ações. Ainda que o personagem continue sendo em determinados momentos antipático e difícil de gostar (e digo isso como um elogio), é notável que já vejamos aqui uma certa evolução nele que o aproxima mais um pouco da figura que conhecemos em Rogue One.
De qualquer modo, White constrói uma tensão tão palpável que em alguns momentos chega a ser insuportável. Embora seja o episódio mais frenético da série até o momento, junto com o terceiro, The Eye não busca sacrificar a narrativa pela ação; pelo contrário, ao vermos mais dos momentos anteriores ao assalto – inclusive mergulhando um pouco nas rotinas dos agentes imperiais –, isso apenas amplifica a tensão, além de continuar a tendência da série em borrar as linhas entre “mocinhos” e “vilões”, imprimindo uma maior moralidade cinza a esses personagens que apenas engrandece a série.
O episódio também traz alguns comentários pungentes sobre colonização, ao trazer os nativos Aldhani à tela para vermos suas interações (tensas) com os agentes imperiais, que se portam como claros colonizadores com nenhum respeito pelas tradições dos povos cujas terras ocupam. Portanto, é simbólico que o evento que dá nome ao episódio seja também um símbolo de escape para o grupo do qual Cassian faz parte; e num raro desvio da abordagem mais realista e “pé no chão” da série, vemos uma espetacular sequência onde o CGI não apenas funciona muitíssimo bem, como proporciona um espetáculo visual que certamente rende algumas das imagens mais icônicas da franquia.
Fechando esta primeira metade da temporada, The Eye carrega o sabor agridoce que tem permeado a série, se destacando por uma sequência que faz a invasão à Estrela da Morte em Uma Nova Esperança parecer fichinha. Mérito de um roteiro que sabe dar o peso emocional devido à sua narrativa e aos seus personagens, fazendo com que nós espectadores sintamos a ansiedade por qualquer possível passo em falso ou imprevisto. Não é apenas o melhor episódio de Andor até o momento, mas também uma das melhores horas já vistas em toda a saga de Star Wars.
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