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Foto do escritorFilipe Chaves

Crítica | As Marvels

Apático e sem propósito, filme não se segura somente no carisma das protagonistas

Foto: Divulgação


Em mais um filme da Marvel para cumprir tabela, temos a união de Capitã Marvel (Brie Larson), Monica Rambeau (Teyonah Parris) e Ms. Marvel (Iman Vellani). Após uma desestabilização no universo causada por Dar-Benn (Zawe Ashton), uma revolucionária Kree, os poderes das três heroínas se entrelaçam e agora elas precisam trabalhar em equipe para salvar a galáxia. E é com essa premissa genérica, que surge mais um longa que só enfatiza a saturação do gênero e como ele precisa de um descanso e uma reinvenção. Há coisas boas em As Marvels, mas são exceções, quando a regra aqui parece ser a mediocridade.


A começar pela vilã, que é fraquíssima. Se bem desenvolvidas, as motivações dela poderiam oferecer um grau de complexidade maior, mas isso não acontece e o roteiro parece não saber muito bem o quer fazer com a moça. Ashton, que é boa atriz, até tenta dar alguma dignidade à personagem, mas parece ser boicotada o tempo inteiro pelo texto carregado de frases de efeitos batidas e um figurino sem qualquer personalidade. Outra coisa que não a fez nenhum favor foram os efeitos especiais, que oscilam bastante entre as cenas. Isso prejudica o filme inteiro e não só a personagem. Ora temos cenas realmente bonitas e críveis, e ora momentos que pareciam não ter sido finalizados.


Nia DaCosta é uma ótima diretora e para ter noção real do seu alcance, indico A Lenda de Candyman, de 2021, porque as amarras do Universo Marvel a impedem de mostrar seu verdadeiro talento. As sequências de ação são bem dirigidas e as lutas são bem coreografadas, empolgando de início, mas com o passar do tempo, vão se tornando repetitivas e enfadonhas. Então, quando o filme chega no suposto clímax, não há qualquer impacto, mesmo que haja sacrifícios e cenas que deveriam emocionar, o efeito é o mesmo que olhar para uma parede branca, apática e sem vida. Não atribuo a culpa de maneira alguma a DaCosta, e sim ao eterno mais do mesmo que se tornou a Marvel, que segue um manual de roteiro em seus filmes e séries e tenta guardar surpresas apenas para as famigeradas cenas pós-créditos. É isso que faz parecer que o filme é só mais um degrau em uma escadaria que não sabe direito para onde vai, e está descendo muito mais do que subindo.

Foto: Divulgação


O roteiro é bastante expositivo e tende a se explicar mais do que o necessário, e ainda assim não supre as lacunas do filme, onde parece que existiram várias ideias com potencial e jogaram em tela, porém sem conseguir desenvolvê-las, o que acaba minando uma de seus maiores trunfos: a relação das protagonistas. Larson está ainda mais confortável na pele de Carol e ela dá o equilíbrio que a personagem pede, mesmo sendo um dos seres mais poderosos do universo, é notável que ainda há humanidade ali. A performance de Parris tem seus altos e baixos. Na sutileza, ela me agradava bastante, mas em determinados momentos mais heroicos, digamos assim, pendeu para o exagero. A menina Vellani é um poço de carisma e exala jovialidade, portanto seus momentos de fangirl da Capitã Marvel soaram genuínos e me arrancaram risadas, pelo menos de início, porque do meio para o fim foram se tornando cansativos. As três funcionam muito bem juntas e mereciam um filme que as valorizassem e soubesse trabalhar melhor seus conflitos internos.


Além da ótima química delas, temos algum sopro de criatividade em determinadas sequências. Uma em particular que envolve gatos, mas não vou falar mais para não dar spoilers. Por outro lado, há outras que estão ali somente para uma tentativa de humor, mas que não levam a lugar algum e ainda desperdiça atores talentosos. Isso mostra o desequilíbrio de As Marvels, infelizmente, que tem 1h40 de duração mal utilizadas, porque desde a cena inicial seu ritmo tropeça constantemente. Ainda que este tenha bem mais erros que acertos, Quantumania e The Flash conseguem ser piores, o que só prova que o gênero dos super-heróis precisa respirar. Não adianta encher os cinemas de filmes que não têm nada a dizer, que são transformados em meros produtos, somente porque o Super Fulano ou a Mega Beltrana vão fazer uma participação de cinco segundos, que sabe-se lá quando vai ter importância. Devido as últimas bilheterias, já sabemos que o público está cansado da mesmice e As Marvels é um reflexo disso. Uma pena.


Nota: 2,5/5

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