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Crítica | La Virgen de la tosquera (Festival Sundance de Cinema 2025)

Foto do escritor: Ávila OliveiraÁvila Oliveira

Atualizado: 7 de fev.

Não mexa com uma jovem latina sem nada a perder

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Em 2001, três adolescentes dos arredores de Buenos Aires se apaixonam por Diego (Agustín Sosa). Natalia (Dolores Oliverio) sempre teve mais química com ele, mas quando parece inevitável que a amizade deles se transforme em algo mais, a mais velha e experiente Silvia (Fernanda Echevarría) aparece e logo rouba a atenção de Diego.

Mesclando elementos do terror folk com suspense ontológico, o roteiro do filme é adaptado de contos da escritora argentina Mariana Enríquez e consegue imprimir com precisão um tom constante que une misticismo, sociopolítica e dramas adolescentes como se esses três temas nunca tivessem sido separados. Na sua rua, um mendigo hostilizado abandona um carrinho carregado de itens velhos e em decomposição que ninguém ousa encostar. Em casa, sempre há uma simpatia ou amarração para conseguir o que se quer. Na televisão, programas de auditório são uma esperança para um dinheiro extra.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Natalia é uma adolescente órfã criada pela avó, acabou os estudos, e a única coisa que tem como objetivo é ter Diego para si, ela não tem nada a perder, e isso é literalmente seu ponto mais forte. Mas a figura de Diego aqui não é, apenas, a representação do despertar sexual de Natalia, ele é a motivação para todo o “adultecer” dela, para o surgimento de uma personalidade mais obstinada, mais empoderada, mais valente quase animalesca. Neste aspecto lembra uma versão mais sutil e dosada do malaio Tiger Stripes (2023). E então Diego passa de meta para motivação quando Natalia se vê como uma entidade superior àquela situação.

O resultado é um longa surrealista que não se poupa em adicionar analogias à sua trama, e ao mesmo tempo consegue se manter enxuto e preciso. Algumas mensagens de subtexto certamente ficam pelo caminho e não parecem se encaixar no todo de maneira azeitada como poderiam (e ainda assim não ficariam explícitas demais a ponto de soarem óbvias), mas no final das contas também não prejudicam o andamento, e de certa forma até fomentam e instigam a expectativa até a resolução.

Nota: 3,5/5

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