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Crítica | Mickey 17

Foto do escritor: Ávila OliveiraÁvila Oliveira

Ficção científica abraça todas as suas possibilidades narrativas e o resultado é instável, mas pertinente.

Divulgação


Dirigido por Bong Joon-ho e protagonizado por Robert Pattinson, a trama acompanha o jovem Mickey Barnes que, para fugir da perseguição de agiotas, aceita encarar uma missão inédita fora da Terra. Na jornada, depois de realizar missões, acaba sendo um funcionário “descartado”, mas cujas memórias são restauradas em um novo ser após a morte. No entanto, após inúmeras regenerações, Mickey 17, sua atual versão, sobrevive a uma missão perigosa e acaba enfrentando um dilema existencial ao encontrar sua próxima versão, Mickey 18, que está pronta para substituí-lo.


O cineasta Bong Joon-ho tem em sua filmografia uma gama de filmes que, por mais que apresentem semelhanças nas temáticas e na condução narrativa, são bem distintos uns dos outros. Drama, suspense, ficção científica, thriller... não importa o gênero base da produção, ele sempre encontrará uma maneira de inserir questões de estratificação social e costurá-las com um humor áspero. E foi exatamente tudo isso que ele fez em Mickey 17. Tem viagem espacial, tem clone, tem crítica política, tem crítica ambiental, tem personagem caricato, tem seres alienígenas, e está tudo bem amarrado, nunca deixando cair no óbvio.


É um filme divertido e comprometido em contar sua história custe o que custar. Digo isto porque o longa sofre com uma edição que tenta dar a mesma atenção para seus incontáveis personagens secundários, e por vezes termina sem conseguir desenvolvê-los como poderia. O argumento do filme é baseado no romance Mickey7 de Edward Ashton, e não sei o quanto foi retirado ou adicionado na hora de compor o roteiro, mas o fato é, se existe um grande obstáculo para o pleno desempenho do filme é o excesso de arcos e narrativas paralelas com que o personagem principal precisa lidar em contrapartida ao corte final do longa. Com certeza existe muito de Mickey 17 que ficou pelo caminho e o resultado deixa transparecer. São personagens que somem e aparecem sem um desenvolvimento no meio, outros competem por um tempo de cena mais relevante, enquanto Pattinson precisa lidar com isso da forma que seus Mickeys com o tanto de coisa que acontece no enredo. E, ainda assim, o desfecho prevalece.

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Se ainda resta a alguém a dúvida sobre a versatilidade de Robert Pattinson, esta é mais uma prova do quão abrangente é o alcance do ator. Ele que já passou pelos mais diferentes tipos de filmes, comerciais e independentes, aqui mostra que consegue vestir a comédia muito bem ao dar vida a várias versões do mesmo personagem que possuem a mesma estrutura, mas com traços de personalidade diferentes. E todos os outros nomes são escolhas que somaram bastante à graciosa esquisitice do texto, com destaque para Naomi Ackie e Toni Collette.


A produção é competente e coerente nos quesitos de construção visual. Os efeitos e a cenografia são pontos essenciais para o enredo, num plano mais amplo e num escopo mais detalhista, haja vista que muito do filme se passa em ambientes fechados, mas onde acontecem ações das mais variadas.


Mickey 17 em outras mãos poderia ser um filme bem menos instigante do que é, poderia ser bagunçado, poderia não ser engraçado e poderia ser repetitivo (o argumento é uma faca de dois gumes porque permite que isso possa acontecer facilmente), mas o sul-coreano consegue usar sua experiência e se autorreferenciar para dar uma roupagem diferente a quem tinha tudo para ser apenas mais um filme espacial.


3.5/5



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