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Foto do escritorDavid Shelter

Crítica | Priscilla

Atualizado: 22 de dez. de 2023

Uma história fadada ao fracasso

Foto: Divulgação


Que Elvis Presley é uma figura marcante na história da cultura pop é inegável! A veneração de algumas pessoas por sua trajetória artística é comum com qualquer artista grande do meio, mesmo com todas as polêmicas envolvidas. O imaginário e o desejo tomam conta e fazem daquela figura ainda maior e inalcançável. É a partir daí que Priscilla resolve pegar seu gancho. Baseado no livro Elvis e Eu, de Priscilla Beaulieu Presley em parceria com Sandra Harmon, o longa escrito e dirigido por Sofia Coppola ganhou a sua vez nas telas de cinema.


Sem fazer muitos rodeios; o filme tem uma dinâmica um tanto cansativa. Inicialmente parece um recorte de vários momentos rápidos com ar de introdução para chegar ao seu foco e caminhar para o ápice, mas no decorrer do tempo se percebe que aquele é realmente o ritmo escolhido para contar a história. Um grande turbilhão de passagem de tempo para tentar mostrar tudo que Coppola queria, mas sem um trabalho preciso na linearidade, transformando-o em um compilado de momentos reativos em relação à figura de Priscila Beaulieu, mas sem um tempo de história entre eles.


Apesar de remontar todo o relacionamento abusivo da parte de Elvis para Priscilla, a preocupação maior parecia querer mostrar todos os instantes possíveis ao invés de construir uma trama bem escrita e elaborada. A direção de Sofia Coppola tem um foco maior em Cailee Spaeny e suas reações, mostrando ali toda a solidão de uma jovem deslumbrada pelo amor figurativo de um personagem desejado pelo mundo todo. Spaeny até dá uma segurada em vários desses momentos, o desamparo e a tristeza se tornam visíveis sem precisar de muito esforço, mas quando pede alguma emoção mais aprofundada que não precise só da reação à distância, ela falha.

Foto: Divulgação


Como Jacob Elordi já havia anunciado em entrevista, a única coisa de Elvis que ele conhecia vinha de Lilo e Stitch, e no longa entendemos o porquê de não haver necessidade de ele se aprofundar na figura pública e artística que foi Presley. O que vemos é uma versão fora dos palcos e dos holofotes, de um homem em busca de uma sombra para lhe acompanhar durante a vida, mas que, ao mesmo tempo, não se contenta com o que ele próprio montou. Diferente de Spaeny, Elordi não precisa se esforçar para mostrar alguma reação, pois, as emoções de seu personagem aqui são distantes e quase irrisórias na trama, porém, ainda assim consegue entregar uma atuação aceitável.


Quanto à trama, parecia haver história demais para pouco desenvolvimento. O roteiro, como dito antes, se remonta em cima de recortes sem trabalhar seu drama com maior coesão. Apesar de válido, isso faz dele um trabalho quase amador, que não sabe como se contar em volta dos abusos mostrados. Frases conhecidas parecem não achar seu momento dentro do longa e são soltas de forma quase aleatória, como um “ela é madura demais para a idade que tem”, em relação ao interesse de um Presley de 25 anos numa estudante de 15.


Na parte técnica é onde a produção se sai mais bem-sucedida, ela tem uma direção de arte bem orquestrada, um figurino digno para um filme de época e a maquiagem bem trabalhada. Essas três coisas junto à trilha sonora tímida são o que dão um visual gostoso de assistir, mas que ainda assim não sustenta a obra toda. De maneira geral, ele não alcança um nível alto e nem é um filme brilhante ou inesquecível, e assim como romance nada poético ou de fadas de Elvis e Priscilla, ele já nasce fadado ao fracasso, e é no máximo algo para assistir quando tiver tempo livre.


Nota: 2,5/5

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