Filme congolês retrata problema social com intensidade, mas não apresenta conclusão
Foto: Divulgação
O documentário de Nelson Makengo mostra o dia-a-dia de moradores de Kinshasa, capital e maior cidade da República Democrática do Congo, que fica dias sem energia elétrica – além de sofrer com inundações – enquanto se planeja construir a maior central elétrica no país.
O diretor conta através de personagens reais como diferentes pessoas lidam com as mesmas questões: insegurança e escuridão. Kudi mobiliza a população do seu bairro para comprar o cabo roubado para que a eletricidade possa ser restaurada a tempo para as festas de final de ano. No Natal, Kudi se transforma em Papai Noel e flashes de luzes e esperança iluminam as ruas de Kinshasa. No Monte Mangengenge, um local sagrado, o Pastor Gédéon prega a luz de Cristo como caminho para a fé e a luz. Enquanto isso, o jovem Davido procura abrigo depois que sua casa foi inundada pelo rio Congo. Ele passa o tempo malhando e esperando o rio baixar em sua vizinhança. Entre a esperança e a fé religiosa.
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As mais variadas interpretações para a escuridão são vistas pela perspectiva de Makengo e dos moradores apresentados ao público. O cineasta faz questão de filmar a maioria do tempo durante a noite e finais de tarde para enfatizar o escuro como maior obstáculo, e ao mesmo tempo que consegue expressar as situações conflitantes por meio de uma quase experiência imersiva, por vezes fica difícil acompanhar o desdobramento de algumas cenas. Nos poucos momentos que a câmera foca em luzes artificiais de lanternas e velas elas parecem mais incomodar e endossar aquele contexto desesperador do que serem uma solução.
A fé quase desesperadora e as emoções levados ao limite são o norte do filme, porém a falta de protagonismo dentre os habitantes postos em evidência impede a narrativa de se desenvolver e parece não sair do mesmo lugar de onde partiu, imprimindo uma repetitividade que compromete a frágil e fragmentada sensibilidade que luta para ser consolidada.
Nota: 3/5
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