Quando uma estrela pop à beira do colapso encontra uma entidade que se alimenta de traumas
Foto: Divulgação
Na última quinta-feira, 17, Sorria 2, sequência do longa de terror de 2022, chegou aos cinemas. Sendo uma continuação linear mas com uma nova protagonista e um novo background, a história nos apresenta a Skye Riley, uma diva pop em recuperação após um grave acidente que quase lhe custou a vida. Prestes a embarcar em uma turnê mundial, a estrela presencia a morte de um colega do ensino médio. A partir daí, Skye começa a ser perseguida pela entidade que se esconde por trás de sorrisos sombrios e macabros. E agora, além de lidar com a pressão da fama e as tensões do seu retorno aos palcos, Skye precisa também confrontar o horror dessas experiências inexplicáveis antes que seja tarde demais.
Se no primeiro longa a psiquiatra Rose era uma protagonista mais contida e também mais cética e a sua trama explora a angústia da médica marcada pelo suicídio da mãe na infância, em Sorria 2 temos a liderança do longa das mãos da jovem estrela pop Skye Riley. Esse novo protagonismo dá um frescor a uma história que não busca inovar a trama ou sua própria mitologia e graças as nuances dessa escolha em seguirmos Skye, temos uma boa evolução de uma história que consegue ser melhor que a sua antecessora em certos termos.
Muito dessa força da sequência é graças a Naomi Scott, intérprete de Skye. Naomi já provou, em papeis anteriores, que é uma das atrizes mais competentes da atualidade e aqui, ela reitera o quanto é uma estrela em ascensão e se destaca em um papel memorável na história recente de longas de horror. Usando uma alegoria definitiva da vida e do preço da fama, Skye traz todo um drama e um peso emocional que são muito mais fortes que o filme anterior, tornando-se, em certo aspecto, quase um drama sobre uma celebridade que é incapaz de escapar dos seus traumas vivendo no limite como uma estrela pop esgotada.
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Algo que me interessou em Sorria desde o seu primeiro filme foi, sem dúvidas, a ideia do trauma como propulsor do horror moderno para sua história. Nesse contexto, acho que a (possível) franquia se sobressai em meio a tantas tramas que não se preocupam em dar esse plano de fundo realista às suas criações. E se no primeiro filme, o diretor Parker Finn apresenta o terror da história com tantas camadas e sutilezas até chegar no seu ápice, agora em Sorria 2 ele não economiza nos sustos ininterruptos para causar furor em uma plateia ávida por jumpscares.
Eventualmente, o sangue na forma de olhos arrancados, pescoços cortados e mandíbulas rasgadas perde seu impacto e os sustos perdem a força com o passar do tempo de projeção. Mesmo tentando mesclar um pouco de suspense em sequências de ação mais elaboradas, Sorria 2 perde a mão algumas vezes e exagera até nos efeitos sonoros para causar mais choque ao telespectador. De certo modo, se exagera nos sustos, o filme usa bem os torpes do gênero no roteiro e consegue até entregar um plot twist interessante em seu clímax e sua conclusão.
Ainda assim, Sorria 2 consegue ser tão bom quanto um terror de estúdio pode ser, dentro de suas limitações de forma geral. E é fato que a franquia ganha corpo nessa sequência, em especial quando possui uma boa protagonista para segurar as pontas. Mas eu espero que seja a última vez que vemos esse sorriso bizarro, às vezes é bom saber a hora de parar, em especial quando você faz uma sequência melhor que o seu original.
Nota: 3,5/5
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