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Crítica | Sukkwan Island (Festival Sundance de Cinema 2025)

Foto do escritor: Ávila OliveiraÁvila Oliveira

Isolamento na natureza serve de terapia pai-e-filho hipotética em drama surpreendente

Foto: Divulgação


Em Sukkwan Island acompanhamos Roy, um jovem assustado com o passado, que viaja para uma ilha remota nos fiordes noruegueses para se reconectar com seu pai e confrontar a experiência traumática que eles compartilharam dez anos antes e que transformou seu relacionamento.


Filmes que apresentam a natureza como um espaço propício ao autodescobrimento são quase um subgênero do drama no cinema pós-moderno. E o mais interessante é que vários destes são inspirados em histórias reais como o bastante conhecido Na Natureza Selvagem (2007) e o indicado ao Oscar Livre (2014). É o cinema retratando mais uma crise de identidade e personalidade do ser humano contemporâneo das mais belas e criativas formas. No entanto, assistindo ao novo filme do cineasta francês Vladimir de Fontenay, não pude deixar de lembrar de uma comédia honesta e bastante sensível chamada In Natura (2014). O cenário norueguês e o homem se isolando da sociedade para lidar com seus demônios em meio a natureza onde ele pode chorar e ninguém ver aparentemente funcionam nas mais diversas abordagens, seja pela ideia quase mística de um poder curativo da natureza, ou seja pelo sempre saudável distanciamento físico da sociedade.


Quase que o filme todo se desenrola num flashback contando como o adolescente Roy e seu pai, com quem não tinha contato há tempos, se conectaram em meio às belas paisagens das montanhas gélidas da Noruega, durante um ano sabático que resolveram tirar para esse propósito. Com uma filmagem que aproveitou os tons naturais do ambiente e soube reproduzir belas imagens com pouca iluminação, o longa-metragem tem um visual exuberante e pinta este plano de fundo idílico para uma história que se apresenta de forma emocionante e densa.

Foto: Divulgação


A dinâmica desenvolvida em cena pelos atores Swann Arlaud e Woody Norman carrega de forma orgânica o roteiro mesmo nos momentos mais estáticos. Destaque para mais um trabalho visceral de Arlaud que brilha ao preencher todas as lacunas do seu personagem criado em cima de várias concepções hipotéticas.


Os diálogos são bem trabalhados e criam nuances sobre o personagem de Roy que para o espectador mais racional podem perder a força haja visto que nos minutos finais o filme apresenta uma reviravolta que, dependo de qual foi sua experiência com a produção até ali, pode comprometer ou endossar o resultado da experiência. O longa se encerra com um epígrafo, em texto mesmo antes dos créditos finais, que escancara para caso tenho sobrado alguma dúvida, o que foi exatamente que se acabou de assistir, e, mesmo sendo bem sensacionalista e até desnecessário mesmo, é uma justificativa de todas as escolhas narrativas feitas que possam ter ficado incompreendidas. Pode não funcionar para alguns, para mim atingiu certeiro.


Nota: 4/5


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