Pessimismo existencial e força do discurso guiam ficção científica intimista.

Divulgação
Vel (Peace Ikediuba) fez algo proibido, algo tão indizível que ela foi exilada do abraço caloroso de seu povo e aprisionada aqui na Terra. Sua única esperança de voltar para casa é aceitar uma missão aparentemente impossível: espionar um de sua própria espécie, descobrir sua pesquisa e relatar suas descobertas. Como uma consciência alienígena, esta não é uma tarefa fácil para Vel. Forçada a habitar um corpo humano, ela é jogada na expansão de Los Angeles, onde descobre as alegrias e tristezas do que significa ser humano, enquanto seu alvo tece seu próprio jogo de intrigas em nome de um novo e muito perigoso tipo de ciência.
O primeiro longa-metragem do cineasta Aaron Silverstein é uma experiência sinestésica que mescla uma visão pessimista generalizada sobre a raça humana e uma crise existencial baseada numa falta de propósito em relação ao universo como um todo. Parece uma ideia prepotente, mas o texto do filme é na verdade honesto o suficiente para deixar claras todas as suas questões sem querer trazer respostas e soluções. O filme busca questionar o papel do ser humano em sua jornada racional por seus dias limitados.
A alegoria alienígena é usada para criar um distanciamento entre a humanidade e as interrogações apresentadas no argumento. A mística do filme se inicia com uma “Consciência Divina” que ordena missões a fim de entender e ao mesmo tempo limitar o desenvolvimento dos homens e mulheres terráqueos. E continua numa aula de linguística metafísica onde a palavra e o discurso se tornam a principal arma numa batalha invisível entre a realidade e o imaginário.
A direção de Silverstein é segura em dar vida ao seu roteiro, além disso consegue pintar cenários – dinâmicos e estáticos – à base de muito neon e cores saturadas que reflete o estado de realismo fantástico em que os personagens centrais estão inseridos. Peace Ikediuba conduz com maestria a narrativa. A atriz consegue interpretar bem a dualidade de apresentar ao espectador o contexto do filme e de estar se inserindo e desencobrindo tudo aquilo junto com o público.

Divulgação
Talvez o problema de The Infinite Husk seja a maneira rápida com que o terceiro ato se desdobra. A mudança de perspectivas e as suposições positivas em relação o ser humano, que foi criticado o filme todo, parecem ser despejadas rápidas demais. De toda forma, a crítica ao materialismo, ao consumismo, e frustração com a inconveniente efemeridade da vida lidam o tom da intimista história que surpreende pela crueza, pela simplicidade e pela sofisticação, dentro de sua limitações.
Notas: 3,5/5
Comments