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Em coletiva de 'O Agente Secreto', Kleber Mendonça Filho reflete sobre o “sotaque fílmico” no cinema brasileiro (Mostra de SP 2025)

  • Foto do escritor: Vinicius Oliveira
    Vinicius Oliveira
  • 29 de out.
  • 2 min de leitura

Diretor esteve presente junto com a equipe e elenco para divulgar o filme durante a 59º Mostra de SP

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Foto: Victor Jucá /Reprodução


Após seu sucesso em Cannes – onde conquistou os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Ator –, O Agente Secreto agora já circula pelo Brasil, onde estreou nacionalmente em Recife, terra natal de Kleber Mendonça Filho e onde a sua trama se passa. O filme agora vem sendo exibido na 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que contou com a presença de Kleber, Wagner Moura, Alice Carvalho, Gabriel Leone, Tânia Maria e outros nomes da equipe e elenco para divulgação.


Durante a coletiva de imprensa do filme, realizada na terça (28), pude perguntar a Kleber sobre o conceito de “sotaque fílmico”, desenvolvido pelo pesquisador Hamid Nacify e trabalhado pela pesquisadora pernambucana Angela Prysthon, para destacar os elementos de excesso, caricatura e estranhamento muitas vezes presentes na produção cinematográfica de Pernambuco. Perguntei a ele se via esse estranhamento como algo intencional da sua parte ou se buscava apenas retratar uma Recife que conheceu e que conhece, e se observava essa reação de estranhamento por parte do público fora do Nordeste.


Para Kleber, quanto mais o cinema brasileiro se produzir, se filmar e se ver, haverão menos barreiras para questões como os diferentes sotaques pelo país. “Eu cresci no Recife ouvindo as novelas da Globo com sotaque carioca, e vendo histórias de atores pernambucanos e de todo o Nordeste que iam pro Sudeste e tinham que passar por uma ‘lobotomia de fonoaudiologia’ pra perder seus sotaques”, comentou. “E eu acho que esse é um momento muito bom onde, por exemplo, a Alice [Carvalho] até agora tem sido ela mesma, sem a alteração de sotaque.”

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Foto: Reprodução


O diretor destacou a pluralidade de sotaques dos seus filmes, afirmando: “eles têm múltiplos sotaques. O Agente Secreto tem paulista, tem gaúcha, tem alemão, tem pernambucano, tem sertanejo. E eu acho que essa é a beleza de um bom filme brasileiro, é muito bom a gente ver filme do Mato Grosso, de Belém do Pará, filmes gaúchos, de São Paulo e do Rio de Janeiro, claro, da Bahia. Quanto mais o nosso cinema se filmar, quanto mais filmes a gente tiver, menos eles irão causar alguma estranheza”.


Por fim, ele comentou suas expectativas quanto à recepção de O Agente Secreto fora do Nordeste. “Acho que depois de O Som ao Redor, Aquarius, Bacurau e Retratos Fantasmas, eu espero que esse filme não seja recebido com nenhum estranhamento em relação a nenhum sotaque. Não tenho percebido nada nesse sentido, tipo ‘ué, que isso? Tá estranho!’, acho que está tranquilo”.


O Agente Secreto se passa na Recife de 1977 e acompanha Marcelo (Moura), um especialista em tecnologia anos que está em rota de fuga. Ele chega à cidade durante a semana do Carnaval, na esperança de reencontrar o filho, mas logo percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que ele procura. Você pode ler a crítica do filme aqui.

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