Lista | Os filmes da franquia “Invocação do Mal”, ranqueados
- Gabriella Ferreira

- 2 de set.
- 7 min de leitura
Do maravilhoso à bomba nuclear, o ranking dos filmes que marcaram o gênero do terror na última década.

Com a estreia de Invocação do Mal 4: O Último Ritual nesta quinta-feira (4), o já consagrado universo criado por James Wan ganha um novo capítulo em sua trajetória de terror sobrenatural. Iniciado em 2013 com o primeiro longa, o chamado “Invocaverso” rapidamente se consolidou como uma das franquias mais lucrativas e consistentes do gênero, acumulando bilhões de dólares nas bilheteiras globais e estabelecendo uma mitologia própria, centrada nas investigações paranormais do casal Ed e Lorraine Warren.
Ao longo dos últimos anos, a franquia expandiu suas fronteiras com derivados que exploram entidades marcantes apresentadas nos filmes principais, como Annabelle (2014), A Freira (2018) e A Maldição da Chorona (2019), construindo um mosaico de histórias interligadas que dialogam entre si. Cada produção, ainda que independente, reforça o caráter quase enciclopédico desse universo, que se desdobra em diferentes épocas e locais, mas sempre mantendo como fio condutor o confronto com as atividades demoníacas que passaram pela vida dos Warren.
Diante da chegada de um quarto longa-metragem da linha principal, é o momento perfeito para revisitar toda essa trajetória cinematográfica. A seguir, apresento um ranking que organiza, do menos inspirado ao mais memorável, todos os filmes que compõem o universo Invocação do Mal (na minha humilde opinião, claro).
9) A Freira (2018)

Na cronologia do Invocaverso, o primeiro filme é A Freira (2018), que se passa na Romênia em 1952 e mostra a origem do demônio Valak. Apesar da ideia promissora e de uma ambientação sombria que tinha tudo para render bons sustos, o longa acaba sendo o pior da franquia. A história é fraca, mal aproveita a vilã e não desenvolve direito personagens importantes, como a Irmã Irene, cuja motivação para entrar na missão com o Padre Burke praticamente não existe. O clima pesado da abadia poderia ter criado um suspense crescente e jumpscares memoráveis, mas nada disso funciona. No fim das contas, é um filme raso, mal planejado e cansativo, daqueles que você sofre para terminar.
Nota: 1.5/5
8) A Freira 2 (2023)

Um pouco melhor que seu antecessor, A Freira 2 (2023) ainda deixa muito a desejar. Na cronologia do Invocaverso, ele aparece como o terceiro filme, ambientado em 1956, quando a Irmã Irene retorna para enfrentar novamente o demônio Valak. O problema é que o roteiro é de um tédio sem fim: sem enredo, sem coesão e bem distante da sequência que foi prometida. O resultado é praticamente uma cópia do primeiro longa, repetindo a mesma fórmula de sustos sem muito sentido. O que acaba salvando um pouco a experiência são os efeitos práticos e visuais bem feitos, uma ambientação mais caprichada e uma boa cena de possessão — mas, fora isso, o filme é só mais do mesmo.
Nota: 1.5/5
7) A Maldição da Chorona (2019)

A Maldição da Chorona (2019), dirigido por Michael Chaves, que depois assumiria de vez a franquia no lugar de James Wan, até tenta trazer frescor ao Invocaverso, mas tropeça feio. Ambientado em Los Angeles, em 1973, o filme se conecta ao universo apenas de forma lateral, com a presença de um padre já visto em Annabelle. A trama gira em torno da lenda da La Llorona, a mulher que, após afogar os próprios filhos, passa a vagar chorando e perseguindo outras crianças. Apesar da força cultural desse conto popular, o roteiro entrega uma versão pasteurizada e cheia de clichês, que desperdiça o peso da história original. Linda Cardellini se destaca como protagonista e consegue segurar o filme, mas ainda assim ele soa como uma oportunidade perdida colossal: uma boa ideia que perdeu completamente a alma no processo. Fica à frente da duologia A Freira só pelo carisma da atriz, mas não deixa de ser mais um dos pontos fracos da franquia.
Nota: 2/5
6) Annabelle (2014)

Annabelle (2014) se passa em 1967 e mostra como a boneca acabou servindo de receptáculo para uma entidade demoníaca após um ritual satânico que manchou sua história para sempre. O filme até começa bem, com uma meia hora inicial interessante, mas logo se entrega a todos os clichês possíveis do gênero, sem conseguir manter a tensão. E isso pesa ainda mais porque Annabelle, a verdadeira diva do Invocaverso, já tinha se tornado um ícone do terror e da cultura pop, mas seu primeiro filme solo não faz jus a essa fama. A direção é pouco inspirada, o roteiro confuso e a trama parece se apoiar demais em referências a outros filmes melhores, sem nunca alcançar o nível de Invocação do Mal. Apesar de ter uma produção caprichada, com boa fotografia, design de produção e trilha sonora, a história é arrastada, os personagens são genéricos e sem vida, e o resultado é um terror raso, cheio de sustos baratos. Annabelle tinha tudo para ser grande, mas acabou ficando só no “poderia ter sido”.
Nota: 2.5/5
5) Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021)

É impossível ignorar que Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021) faz parte de um universo já consolidado, mas o resultado fica longe do brilho dos dois primeiros filmes. A trama resgata um dos casos mais curiosos dos arquivos dos Warren, a primeira vez nos EUA em que a possessão demoníaca foi usada como defesa em um julgamento de assassinato, e começa muito bem, com uma abertura forte e sombria. Porém, sob a direção de Michael Chaves, o filme rapidamente perde fôlego, abusando de sustos fáceis, se dispersando em múltiplas histórias paralelas e entregando um clímax fraco. O foco maior em maldições do que em uma atmosfera demoníaca deixa tudo ainda menos marcante. Apesar de Patrick Wilson e Vera Farmiga continuarem ótimos e o longa oferecer uma visão mais íntima do relacionamento dos Warrens, o resultado final é irregular. Se a franquia fosse uma série de TV, A Ordem do Demônio seria aquele episódio obrigatório para seguir a trama, mas que você assiste sem muito entusiasmo.
Nota: 3/5
4) Annabelle 2: A Criação do Mal (2017)

Annabelle 2: A Criação do Mal (2017), situado em 1955, mostra como a boneca foi possuída por uma entidade demoníaca, conectando-se diretamente aos eventos dos filmes seguintes. Ambientado em um orfanato, o longa traz bons personagens, um ponto de vista diferente sobre os sustos e uma direção eficiente de David F. Sandberg, que sabe brincar com a atmosfera sombria e oferecer algumas referências interessantes aos fãs da série. Surpreendentemente mais assustador que seu antecessor, mistura tom e artifício de forma eficaz, entregando exatamente o que se espera de um terror competente. Ainda recorre a truques já bem conhecidos, como crianças fantasmagóricas surgindo nas sombras, mas consegue equilibrar momentos genuinamente tensos com toques de humor, garantindo sustos bem executados e uma narrativa mais envolvente. É uma sequência sólida que supera o primeiro filme, mesmo sem alcançar a sofisticação dos trabalhos de James Wan no Invocaverso. Nota: 3/5
3) Annabelle 3: De Volta para Casa (2019)

Annabelle 3: De Volta para Casa (2019) se passa em 1972 e coloca Judy, a filha dos Warrens, no centro da trama. Enquanto os pais estão ausentes, a jovem precisa enfrentar as forças malignas presas no museu de artefatos assombrados da família, incluindo, claro, a própria Annabelle. É quase como um “multiverso” da franquia, reunindo várias entidades já vistas, mas dentro de um espaço único e muito pouco explorado até então: a casa dos Warren. O filme bebe bastante da fonte do slasher, ainda que dentro do terror sobrenatural, e se destaca pelo protagonismo de Mckenna Grace, que segura bem a história. Mais do que assustar, a proposta aqui é divertir, e o longa consegue isso ao usar uma narrativa simples para construir tensão de forma cuidadosa, sem cair na armadilha de sustos fáceis ou piadinhas fora de hora. A sala de relíquias é um prato cheio e finalmente ganha o destaque que merecia, mesmo que o ato final pese um pouco pela quantidade de eventos. Ainda assim, Annabelle 3 é um dos capítulos mais sóbrios e equilibrados dos derivados: divertido, eficiente e fácil de recomendar, tanto para quem busca um encontro sobrenatural envolvente quanto para fãs do Invocaverso, que encontram aqui um dos derivados mais redondos e bem resolvidos da franquia.
Nota: 3.5/5
2) Invocação do Mal 2 (2016)

Invocação do Mal 2 (2016) muda a ambientação para Londres e mostra que James Wan ainda estava em plena forma. Ambientado em 1977, o filme acompanha Ed e Lorraine Warren viajando ao Reino Unido para ajudar uma mãe solteira e suas filhas atormentadas por uma presença maligna. A trama também marca a segunda aparição de Valak, o demônio freira, que apesar de ser uma adição icônica, acaba enfraquecendo a narrativa do meio pro final. É verdade que o filme perde um pouco da frieza e do impacto do primeiro por conta da familiaridade, mas o que sobra é uma história de fantasma muito bem contada, cheia de habilidade para arrepiar. O grande destaque fica com o carisma da dupla protagonista e, especialmente, a melhor atuação de Vera Farmiga em toda a franquia. Pode não ser tão assustador quanto o original, mas é um feijão com arroz feito com muito capricho, e uma sequência de terror exemplar, do tipo que deveria servir de modelo para tantas outras. Foi aqui que o Invocaverso se consolidou de vez como uma das franquias mais fortes do gênero. Nota: 4/5
1) Invocação do Mal (2013)

Um verdadeiro cultural reset do terror sobrenatural, Invocação do Mal (2013) é o filme que deu início à franquia e trouxe de volta o fôlego a um gênero que parecia saturado. Ambientado em 1971, acompanha Ed e Lorraine Warren investigando a casa assombrada da família Perron, introduzindo os demonologistas ao público e abrindo as portas para todo o universo que viria depois. James Wan está inspiradíssimo, entregando uma direção sofisticada, com planos de câmera que são um deleite para a construção da tensão. O elenco inteiro funciona, das atuações intensas dos protagonistas até o brilho das crianças, que tornam a trama familiar ainda mais emocionante. O filme não reinventa a roda, mas entrega exatamente o que se espera de uma boa história sobrenatural, com peso dramático e atmosfera arrepiante. É o clássico definitivo da década no gênero, e ainda hoje continua sendo o maior destaque do Invocaverso. Nota: 4.5/5





