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Foto do escritorVinicius Oliveira

Análise | A Casa do Dragão 1x08 (“The Lord of the Tides”)

A paz termina.

Divulgação: HBO


Assistir The Lord of the Tides é como ver os momentos finais da calmaria antes da tempestade, uma contraditória e eficiente mistura de (poucos) momentos de genuína felicidade com outros de tensão e muita falsidade familiar. Beneficiando-se de passar em sua maior parte num único espaço tal qual o anterior, Driftmark (embora não cometa o erro deste de um final apressado que o estraga), o episódio se sagra como talvez o melhor da temporada, mostrando House of the Dragon em seu melhor.


Não à toa as poucas falhas do episódio vêm justamente dos problemas maiores da temporada. Embora a ausência de Corlys Velaryon (Steve Toussaint) se projete como uma sombra sobre os demais personagens, é desconcertante que a série dependa de diálogos expositivos para apresentar sua condição, ao mesmo tempo em que o pouco espaço dado ao seu irmão Vaemond (Will Johnson) nos episódios anteriores seja um impeditivo para enxergá-lo como um antagonista notável na sua busca pela sucessão da Casa, em detrimento da legitimidade dos filhos de Rhaenyra (Emma D’Arcy).


Por outro lado, os novos atores que interpretam os filhos de Rhaenyra e Alicent (Olivia Cooke) mergulham com facilidade nos personagens, especialmente Ewan Mitchell como Aemond, que compõe um personagem assustador e de poucas palavras. Ao mesmo tempo, os talentos de D’Arcy e Matt Smith permitem que vejamos com naturalidade a evolução do casamento dos dois, enquanto Cooke traz mais lados da sua personagem, seja no aparente fervor religioso quanto na hipocrisia de acobertar os abusos sexuais de seu próprio filho Aegon (Tom Glynn-Carney).


Porém, se há um nome que merece destaque nesse episódio, é mais uma vez Paddy Considine como Viserys. Desde o terceiro episódio defendo que ele criou uma versão do personagem muito mais interessante que a dos livros, e se o recurso da sua doença pode soar “demais” para transmitir suas fraquezas, aqui é bem-sucedido por revelar tudo que há de mais trágico sobre ele, o que é ampliado pela excelente atuação de Considine. No fim, Viserys é apenas um homem que queria ver sua família unida, como atesta a excepcional sequência do jantar, mas será para sempre marcado pela tragédia, a julgar pela cena final. Em tudo o nome de Considine merece atenção e louvor, trazendo nuances e um retrato emocionante para um personagem que facilmente supera sua versão original.


Toda a meia-hora da segunda metade do episódio se mostra o melhor e mais bem-construído final na série até agora, indicando que quando a série quer, ela pode entregar sequências que não soam exageradamente corridas ou que não detraem do que vimos antes. Ainda mais do que o casamento no quinto episódio, aqui a progressão entre a sequência das petições na sala do trono e a do jantar é uma aula de tensão acumulada, ressentimentos, passados mal-resolvidos e temores para o futuro. Ao fim dos muito bem-dirigidos e roteirizados 67 minutos de The Lord of the Tides, a certeza que fica é que House of the Dragon sabe abandonar seus erros quando quer, e que o futuro de seus personagens é sombrio, mas fascinante.

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