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Foto do escritorGabriella Ferreira

Crítica | As Flores Perdidas de Alice Hart (Minissérie)

Atualizado: 13 de out. de 2023

Minissérie do Prime Video é uma história idílica sobre as violências de ser mulher em uma sociedade machista

Foto: divulgação


Lançada durante o mês de agosto no Prime Video, a minissérie As Flores Perdidas de Alice Hart pode ter passado batido pela maioria do público pela sua discreta divulgação e pelo pouco burburinho que fez nas redes sociais. Mas, com seus sete episódios, a minissérie australiana baseada no livro de Holly Ringland, é como uma joia bruta dentro de um catálogo repleto de milhares de produções recém-lançadas.


Na sensível história, conhecemos de forma linear a vida de Alice Hart. Quando criança, Alice vivia num local isolado, idílico, entre o mar e os canaviais, onde as flores encantadas da mãe e as suas mensagens secretas a protegem dos monstros que vivem dentro do pai. Porém, quando uma enorme tragédia muda a sua vida, Alice vai viver com a avó numa fazenda de cultivo de flores que é também um refúgio para mulheres sozinhas ou destroçadas pela violência doméstica.


Após o trauma, Alice tenta se reconstruir e passa a usar a linguagem das flores para expressar os seus sentimentos. Mas, à medida que o tempo passa e Alice se torna uma mulher, os terríveis segredos da sua família voltam à tona e uma traição avassaladora faz com que ela deixe a fazenda e enfrente os seus próprios demônios sozinha e no mundo real, longe das flores.


Antes de mais nada, é válido ressaltar o aviso que estampa todo início dos sete episódios da série. As Flores Perdidas de Alice Hart traz consigo uma temática muito pesada e aborda a violência doméstica de uma forma que pode ser gatilho para pessoas sensíveis com a temática, porém, ela é inserida com muito cuidado e responsabilidade com a trama e com os personagens. Tudo isso, torna a minissérie uma das mais sensíveis e honestas acerca das violências vividas pelas mulheres.


No seu elenco, Alycia Debnam-Carey é uma Alice adulta repleta de nuances e dores muito palpáveis após tudo que ela passou. Alycia, sem dúvidas, é uma das jovens atrizes mais promissoras da atualidade e suas cenas com altas cargas dramáticas são um soco no estômago do telespectador. Com diversos personagens muito marcantes, destaco também Frankie Adams como Candy, uma personagem extremamente particular que também coloca na série a temática da violência colonizadora contra a população aborígene da Austrália.


Foto: divulgação


Mas o destaque mesmo vai para Sigourney Weaver como June Hart, a matriarca da família e avó da protagonista. Para proteger suas flores, June tem algumas atitudes questionáveis que são justificadas pelo seu doloroso passado. É uma personagem complexa, difícil de compreender os nossos sentimentos sobre a mesma, tudo interpretado com uma delicadeza, leveza e profundidade que são o que colocam a atriz Sigourney Weaver em um patamar altíssimo de ser alcançado.


Tecnicamente, As Flores Perdidas de Alice Hart expressa o seu diferencial com uma fotografia que explora os detalhes do interior australiano e dessa particularidade da relação de sua trama com as flores. Essa combinação faz com que a minissérie tenha um dos visuais mais bonitos e poéticos que eu tive o prazer de assistir nos últimos tempos, tudo inserido em um roteiro muito bem organizado e amarrado, que instiga o suspense ao mesmo tempo em que desenvolve bem suas personagens e os seus traumas.


As Flores Perdidas de Alice Hart pode não ter chamado a sua atenção, mas, eu garanto que assisti-lá vai se tornar uma profunda experiência de autoconhecimento e de fortalecimento mental. Mais que contar a história de Alice, a minissérie é um retrato fiel de como a sociedade machuca e menospreza as mulheres violentadas e que o único suporte real para nós, somos nós próprias.


Nota: 5/5

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