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Foto do escritorVinicius Oliveira

Crítica | Aquaman 2: O Reino Perdido

O DCEU se encerra com um filme que reflete a franquia, para o bem ou para o mal

Foto: Divulgação


Conforme assistia O Reino Perdido, pude entender porque a Warner pouco ou nada se esforçou para divulgar o filme. Não é que ele seja ruim, mas falta um pulso, um ímpeto de vida que pudesse distingui-lo em meio à seara dos filmes de super-herói, que enfrentaram em 2023 sua maior crise. Na esteira dos fracassos de Shazam 2, The Flash e Besouro Azul — com o adendo de um vindouro reboot desse universo a partir de 2025, capitaneado por James Gunn —, é perceptível que o estúdio só queria se livrar do filme logo, bem como os seus envolvidos.


Situando-se quatro anos após o primeiro Aquaman, o filme nos mostra o personagem-título (Jason Momoa) dividindo suas funções como rei de Atlântida e pai do filho que teve com Mera (Amber Heard). Mas quando seu arqui-inimigo Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) ressurge dominando um poder desconhecido que ameaça o desequilíbrio dos sete mares e da Terra num geral, Aquaman precisa se unir ao seu meio-irmão Orm (Patrick Wilson) para detê-lo.


Se no primeiro filme a dinâmica dos dois irmãos já remetia aos longas de Thor, aqui fica ainda mais evidente — com direito a uma citação rápida ao personagem Loki. Apesar dessa falta de frescor, a dinâmica de Arthur/Orm é talvez o mais perto que o filme consegue de possuir um coração. A reintegração de Orm à narrativa é rápida e conveniente (ainda que a cena de sua libertação seja uma das melhores do filme), mas a sisudez de Patrick Wilson cai bem ao papel, em oposição à canastrice de Momoa, que é talvez o nome do elenco mais confortável em seu papel, mesmo passando do ponto em alguns momentos.

Foto: Divulgação


É uma pena que o foco na dinâmica dos dois personagens escanteie os demais, como Mera, que tem um papel até maior do que imaginava (dada as polêmicas dos bastidores e o envolvimento de Heard nos julgamentos de Johnny Depp por violência doméstica contra ela), mas ainda é bastante subutilizada. As mudanças tonais abruptas do filme e o seu ritmo inconstante escancaram ainda mais o quanto ele não tem uma noção da história que quer contar, e pior: parece pouco interessado em contá-la.


Se O Reino Perdido consegue minimamente se destacar em meio a essa flagrante decadência dos filmes de super-heróis, é graças à assinatura visual distinta que James Wan consegue trazer. Não é algo remotamente perto do mundo vivo e imersivo que James Cameron fez no último Avatar, mas é perceptível que Wan sabe trazer sua identidade em meio aos ambientes, criaturas e efeitos visuais (que serão injustamente criticados, mas são alguns dos melhores entre os blockbusters lançados neste ano). Além disso, o diretor nunca esconde suas raízes do horror e, ainda que não tenhamos nada perto daquela cena do Fosso no primeiro filme, esse olhar apurado vindo do gênero traz uma centelha de criatividade ao longa, mesmo com referências descaradas a outros filmes muito melhores, como Star Wars, O Senhor dos Anéis e Pantera Negra.


Infelizmente, só esse cuidado com a forma e a exploração de diversas referências não garantem que o longa se sobressaia. Sou um grande defensor do primeiro Aquaman em seu olhar para a ação, humor galhofa e artificialidade deliberada; aqui, porém, boa parte desses elementos aparecem diluídos, o que nos leva a uma experiência insossa e bagunçada, mesmo capaz de nos divertir em determinados momentos. Parece uma síntese acurada do DCEU, afinal de contas, o que torna O Reino Perdido um canto do cisne mais do que perfeito para a franquia, para o bem ou para o mal.


Nota: 2,5/5

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