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Crítica | Código Preto (2025)

Foto do escritor: Ávila OliveiraÁvila Oliveira

Steven Soderbegh prova que uma história já conhecida pode parecer nova, sendo bem contada.

Divulgação


Com roteiro de David Koepp, Código Preto é o mais novo thriller de espionagem dirigido pelo aclamado diretor e ganhador do Oscar Steven Soderbergh. O longa, estrelado por Cate Blanchett e Michael Fassbender, narra a história dos lendários agentes de inteligência George Woodhouse e sua esposa Kathryn. Quando ela é suspeita de trair a nação, George enfrenta o teste final: lealdade ao seu casamento ou ao seu país.


O cineasta Steven Soderbergh sabe como poucos dirigir filmes centrados nos personagens e seus diálogos. Mesmo tendo uma filmografia diversa em temas e gêneros, a valorização do texto verbalizado e a destreza em criar sequências quase que teatrais, tamanha a fluidez da montagem, estão presentes em quase todos os seus longas e dessa vez imprimem o estilo da narrativa, algo semelhante ao que havia apresentado em Terapia de Risco (2013), porém agora ainda mais refinado e enxuto.


A trama não é lá tão nova. Um Sr. & Sra. Smith contado com a elegância à lá John le Carré e adaptado para um contexto sociopolítico atual. Inclusive o roteiro é cheio de deliciosos pequenos clichês que em nada comprometem a experiência de se assistir a um thriller bem amarrado. Mas é a maneira com que esse enredo já conhecido é contada que deixa ela parecendo nova. Soderbergh tem um charme no trato com a narrativa, ele não tem pressa de desenhar seus personagens, ele sabe apresentar detalhes, e isso sem se prolongar em tomadas longas e contemplativas. O texto ganha vida mesmo é quando foca nas complexas Ligações Perigosas que os personagens, todos espiões, costuram entre si, na corda bamba entre moral, confiança e traição, e na desconstrução desses conceitos dadas suas realidades.

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Por mais que a história não girasse em torno de Cate Blanchett isso acabaria acontecendo de qualquer maneira. Ela é o centro gravitacional de um elenco astuto, interessado e com total compreensão do tom de suspense com ironia refinada que o filme demanda. Fassbender já tem em sua filmografia algumas personalidades bem semelhantes ao espião que representa, e mesmo assim consegue representar distinções sutis que enriquecem a frieza calculista de George.


Código Preto é um filme redondo, polido e bem-acabado. Tem reviravoltas sagazes, tem personagens secundários bem empregados e que somam camadas ao argumento sem fazer excesso de bagagem, tem uma continuidade precisa e é resoluto como os melhores dos suspenses hitchcockianos.


Nota: 4/5




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