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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Evidências do Amor

Romance consegue se sair bem dentro do molde de roteiro cristalizado em que se insere

Foto: Divulgação


Marco Antônio (Fábio Porchat) e Laura (Sandy) se conhecem em um karaokê e cantam juntos "Evidências”. Desde então, eles se apaixonam e formam um casal que parecia perfeito. Depois de vários percalços no relacionamento, Marco é abandonado por Laura pouco antes do casamento sem entender os motivos pois sempre se julgou o noivo perfeito. A partir daí, coisas estranhas começam a acontecer com ele sempre que ouve a música do casal.


É quase impossível que qualquer brasileiro que esteja lendo esse texto desconheça a música de José Augusto e Paulo Sérgio Valle, afinal, vivemos num período pós-meme dessa composição. “Evidências” foi a precursora de um movimento piadístico online brasileiro onde os internautas, buscando um reconhecimento um tanto irônico de uma música que sempre fora bastante popular, diziam que ela merecia se tornar o hino do país. De lá pra cá, várias outras canções passaram pela saturada brincadeira, sendo sua maioria músicas populares que não são cultuadas por suas erudições, no entanto, poucas conseguiram sair do âmbito virtual e se consolidar como uma gracinha de todos os públicos da vida real.


Pois bem, o longa-metragem dirigido por Pedro Antônio parte de todo esse contexto da canção já como piada cansada para dar o ponta pé inicial da narrativa. Esse é um texto bem conhecido de loop situacional onde o envolvido precisa resolver alguma pendência para quebrar o ciclo, então o que vai fazer o filme se destacar é como essa história é contada. E o roteiro coescrito por Fabio Porchat consegue aproveitar bem tudo que o escopo permitia para tornar o discurso emotivo e engraçado nos momentos necessários, sem sobrecargas.

Foto: Divulgação


É fácil ver as referências usadas para desenhar esse filme, mas acredito que a divertida série Zoey e a sua Fantástica Playlist está intrínseca nas entrelinhas do roteiro, no uso da música como motivação dos acontecimentos, no emprego do protagonista e seu ambiente de trabalho, e na fantasia que não se assume como ficção científica (e nem precisa).


Porchat também apresenta um bom resultado no protagonismo. Meus problemas com ele sempre vão: ser o tom por vezes exagerado; e a maneira sutil com que sempre está requentando alguns de seus gracejos; mas até mesmo nisso ele está contido e consegue dividir bem a atenção com seus desempenhos mais dramáticos. Não sei até onde o fato de Sandy ser filha de Xororó influenciou em sua escolha para o papel (e não falo de nepotismo, mas de uma brincadeira com o contexto), e seu talento musical é incontestável, porém, enquanto escrevo consigo pensar em pelo menos outras três atrizes que trariam mais química e entusiasmo à personagem.


O elenco de apoio conta com a sempre impecável Larissa Luz, acho inclusive que já está passando da hora dela começar a aparecer como protagonista em mais projetos do cinema e da televisão. A versátil Evelyn Castro também ajuda bastante na construção das circunstâncias de humor.


No final das contas a produção não deixa de ser uma homenagem e uma ressignificação à música tema e aos compositores e intérpretes. De certo modo deu até um frescor para a canção que diariamente toca à exaustão mundo à fora e que, no ligeiro interim pós-irônico em que estamos, pode perder seu brilho e sua força num piscar de olhos.


Nota: 3,5/5

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