A triste ironia de um conteúdo sobre mudanças climáticas ser apenas morno
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A nova série do Apple TV+ é uma antologia que se passa num futuro não tão distante onde o planeta Terra está ainda mais danificado devido a problemas climáticos causados pelo homem. Cada episódio se passa num ano diferente (com exceção dos episódios 4 e 5 que se desenrolam no mesmo ano) mas com a recorrência de alguns personagens que permeiam o limite de um episódio/ano. São 8 episódios ao todo estrelados por nomes que somam incontáveis prêmios no cinema, na a televisão e no teatro como Meryl Streep, Forest Whitaker, Marion Cotillard, Tobey Maguire, Daveed Diggs, Gemma Chan, Edward Norton, Matthew Rhys, Keri Russell, Sienna Miller, David Schwimmer, Judd Hirsch...
Mas não se deixe enganar, ou melhor, não se deixe empolgar por nada do que foi dito acima, porque apesar de tudo isso, o resultado é maçante, insosso e interminavelmente verborrágico. O maior dos problemas de Extrapolations são suas abordagens. A série não é uma ficção científica de ação catastrófica com dimensões bíblicas de desastres e grandes momentos de destruição. Ela apenas usa as questões climáticas como motivação para os desdobramentos dos dramas dos personagens. E ao escolher “reduzir” o problema a pano de fundo de temas pessoais, religiosos e familiares a série perde boas oportunidades de impactar o espectador.
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Em resumo faltou dinamismo e sobrou diálogos. E vale ressaltar também a má distribuição desses diálogos e dos demais pontos focais que dariam uma boa impressão aos episódios. São conversas desinteressantes, que dão importância – logo de início – a nomes e situações que o público desconhece. São personagens em excesso falando de inúmeros lugares em épocas diferentes. São problemas hipotéticos (porém possíveis) que se invalidam e se perdem em intermináveis e inconclusivas perguntas capitalistas de causa e consequência.
A estética é um dos grandes paradoxos. Ao mesmo tempo em que a escolha de não imaginar um futuro cheio de neons, roupas plásticas, penteados bizarros e objetos dispensáveis é válida por aproximar com o que temos hoje por vida real, não torna o que foi desenvolvido menos brega ao ponto de fazer você se perguntar “porque diabos alguém transmitiria qualquer coisa no fundo de uma piscina?” O todo imprime artificialidade e não da maneira que se esperava.
Não gosto muito da expressão “elenco desperdiçado” – afinal o elenco está muito bem e sustenta à duras penas a temporada – mas é decepcionante ver nomes de peso numa proposta promissora passarem tão despercebidos por conta de complicações desnecessárias no roteiro. Ainda é incerto se haverá uma segunda temporada, potencial existe, e se de fato houver urge a mudança de abordagem para que a série se imponha e mostre a que veio, porque perguntas vagas sobre o futuro da humanidade não preenchem muito bem 8 episódios de 50 minutos cada.
Nota: 2/5
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