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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Mais Pesado é o Céu

Filme carrega no drama para narrar conto cruel de desesperança

Foto: Divulgação


Após acolher uma criança abandonada, Teresa (Ana Luiza Rios) conhece Antônio (Matheus Nachtergaele) e os dois iniciam uma jornada pelas estradas. O passado em comum, para eles, são as memórias de uma cidade submersa no fundo de uma represa. A vida é sonho, mas o futuro é a incerteza.


Mais Pesado é o Céu é um road movie banhado num niilismo assustador, onde os personagens condenados a uma estrada-esteira tentam buscar propósito num caminho que sempre acaba por levá-los ao mesmo lugar de origem. Fisicamente e metaforicamente. A estrada se torna o não-lugar onde Teresa e Antônio estão condenados a uma punição recorrente que parece não se importar com quem seja, suas histórias ou o que os levou até ali, o que importa é o castigo. Toda essa carga, no entanto, parece arrastar o desenvolvimento da narrativa, que poderia variar situações, sem abandonar os lugares e a estrada, e ainda assim teria o mesmo impacto com um pouco mais de dinâmica.


O casal de atores protagonistas dá vida – até onde é possível – a personagens que se agarram a tudo que aparece em seus caminhos como uma tentativa desesperada de validar suas existências. Com atuações cruas, Ana Luiza Rios e Matheus Nachtergaele constroem pessoas que apenas esboçam outros sentimentos além de desengano e desolação. No entanto, assim como a cidade que buscam está inundada, suas forças parecem comprimidas pela pressão do que se não pode ver, das mágoas incontáveis, da cadeia de sofrimentos, do céu que se desdobra impiedosamente encarando, em sua grandeza, a miudez de seus destinos.

Foto: Divulgação


Sempre com uma imagem em baixa saturação, onde mesmo os planos abertos de dias claros conseguem parecer densos e lúgubres, Petrus Cariry usa todos os recursos visuais que estão ao seu alcance para dar forma e peso à realidade sempre abarrotada de Mais Pesado é o Céu. Blocking, sombras, silhuetas e linhas, muitas linhas compõem a gestalt cinematográfica que funciona quase como uma cartilha bem ilustrada de como imprimir clareza e objetividade, sem cair na obviedade e no simplório. E essas muitas linhas horizontais e verticais enquadram, dimensionam, direcionam e aprisionam os personagens com uma inteligência de quem pega numa câmera com a certeza daquilo que está fazendo.


Não espere um final feliz, não ache que vai ficar tudo bem, o diretor passa o filme inteiro nos apontando para um desfecho atroz, e além de atroz é abrupto. Não há esperança. No percurso marcado do longa-metragem é cada um por si e a estrada contra todos.


Nota: 3,5/5

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