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Crítica | Terra Indomável (Minissérie)

Foto do escritor: Filipe ChavesFilipe Chaves

Uma produção caprichada que tenta dar vida a um roteiro pífio

Foto: Divulgação


Esta era uma das produções que eu estava mais ansioso para conferir neste começo do ano, já por saber do envolvimento de Peter Berg, um dos produtores executivos de Friday Night Lights, e pelo baita elenco. Porém, a máxima seguiu verdadeira aqui: quanto mais expectativas, maior a queda. A trama segue os primeiros anos do desbravamento do Oeste Estadunidense, em meio a conflitos culturais e territoriais, além dos perigos naturais, Sara (Betty Gilpin) e seu filho Devin (Preston Mota) precisam da ajuda de Isaac (Taylor Kitsch,) um então desconhecido, para chegarem a um lugar seguro, mas nada é fácil neste caminho. É o ponta pé inicial e tiro, porrada, bomba e flechas para todo lado, mas infelizmente não consegue passar disso.


Mark L. Smith é o criador e escreveu todos os seis episódios, mas não conseguiu dar substância aos vários acontecimentos, por mais que Peter Berg na direção tivesse um ótimo controle das caóticas sequências de ação. Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, mas não ficava confuso em tela e este é um mérito de Berg, porque por mais que o ritmo seja intenso e a violência constante, há pouca evolução na trama, com vários personagens mal desenvolvidos correndo de um lado para o outro com motivações vazias. Uns querem se apropriar da terra e outros querem fugir dela, então a narrativa permanece nessa briga por tanto tempo que a gente até esquece o porquê dela existir. Não há qualquer complexidade, somos jogados no meio do furacão e mal sabemos como estamos ali. 

Foto: Divulgação


O filtro acinzentado prejudica as belas paisagens do Novo México, onde a minissérie foi gravada. É ótimo que tenha sido filmada em uma locação real e há esse capricho da produção, seja nos figurinos ou maquiagens, o design de produção realmente mostra que há um alto valor investido ali, então não deixa de ser frustrante que toda essa pompa não seja bem aproveitada pelo texto. Quando há uma pausa na correria, os personagens tentam se conhecer – e serem apresentados a nós, telespectadores – através de diálogos previsíveis e que não dizem praticamente nada de interessante ou que demonstre qualquer nuance, criando uma tentativa de conexão entre eles que não funciona, apesar do elenco estar dando o seu melhor ali, a química é zero.


Taylor Kitsch caiu como uma luva para o papel de Isaac, um homem sem muita expressão e que quer reprimir seus sentimentos, mas com muito instinto de sobrevivência naquele mundo. Betty Gilpin sempre é excelente, mesmo que sua Sara seja exatamente o que se espera dela. Gilpin sabe aproveitar bem suas personagens e tirar o melhor delas com criatividade, mas aqui o roteiro a deixa presa na persona da mãe protetora e ela faz o que pode com o enredo limitado que tem. Destaque para o pequeno Preston Mota, que faz um Devin bastante genuíno e tem uma das melhores sequências, com gritos de arrepiar. Shawnee Pourier também acompanha o trio principal como Two Moons (ou Duas Luas, em português) e apesar de ser uma personagem que desperte curiosidade, não vai muito além disso. No elenco ainda estão rostos conhecidos como Shea Whigham, de Boardwalk Empire, Joe Tippett, de The Morning Show e Kim Coates de Sons of Anarchy, no entanto, por mais que seus personagens apareçam bastante, mal dá para dizer quem são por serem tão mal concebidos, assim como os tantos outros desperdiçados.


São pessoas que enfrentam os mais diversos perigos, querendo matar umas as outras, ou até morrer pela própria natureza com algumas condições climáticas bem complicadas. Ao mesmo tempo é que parece não haver um risco real de algo imutável acontecer, eles podem se machucar de forma grave, mas morrer mesmo a gente sabe que só no último episódio, em algum sacrifício heroico. Não é spoiler, porque é fácil levantar esta hipótese assim que os acontecimentos começam a se desenrolar. É uma pena que a minissérie não consiga ir além do que se espera e deixe suas instigantes possibilidades tão mal exploradas como o conflito entre brancos x indígenas, que não passa do raso. Colocar somente ação desenfreada sem aprofundar ou fazer o telespectador se importar com aquilo que está em tela ou com os personagens é uma falha amadora, que pode agradar a tantos, mas a mim só soou repetitiva e um tanto maçante na maior parte dos episódios.


Nota: 2/5


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