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Foto do escritorGabriella Ferreira

Crítica | Uma Família Feliz

Longa faz críticas a classe média alta brasileira com suspense psicológico surpreendente

Foto: Divulgação


Para quem é fã de suspense, o nome Raphael Montes não é desconhecido. O jovem autor brasileiro se destaca, desde 2012, com tramas de sucesso do gênero, figurando sempre entre os mais vendidos do país. Desde então, Raphael também vem fazendo barulho em outros formatos, seja com a série original Netflix Bom Dia, Verônica, adaptada de uma de suas obras, como roteirista dos filmes da Prime Video que contam a história do crime dos Richthofen ou com seu mais novo trabalho que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 4.


Uma Família Feliz é roteirizado por Montes, que também atua como assistente de direção na produção liderada por José Eduardo Belmonte. Na história, conhecemos Eva (Grazi Massafera), uma mãe de duas filhas gêmeas e que, após dar à luz ao seu terceiro filho, sofre com a depressão pós-parto, mesmo tudo apontando que a sua vida é perfeita. Por conta deste fato, estranhos acontecimentos rondam a família fazendo com que Eva se torne a principal suspeita desses casos peculiares, incluindo uma investigação pela polícia. Eva se vê sendo questionada e acusada até mesmo pelo seu próprio marido (Reynaldo Gianecchini) e por toda a comunidade que antes a acolhia.


Como leitora assídua do gênero (e também dos livros de Raphael), aproveitei para ler Uma Família Feliz, livro baseado no roteiro do filme, antes de assistir ao longa. Mesmo sendo resultado do produto audiovisual, o livro possui algumas diferenças da história do filme e se aprofunda mais em questões e lacunas não preenchidas durante o tempo de projeção. Por ser narrado em primeira pessoa, a impressão que tive é que o livro funciona quase como um complemento do filme, quase que uma versão estendida e mais explícita do que vemos no cinema.


Voltando ao longa, que inicia basicamente com a sua cena final, o telespectador é instigado logo de cara a entrar no jogo de tentar responder a pergunta de “quem matou?”. Dessa forma, nós que assistimos, já somos colocados na posição de detetive desde os segundos iniciais, tentando buscar pistas e desvendar o grande mistério assim que a família perfeita entra em cena dando espaço para uma desconfiança de tudo e de todos que vai aumentando gradativamente conforme o mistério avança.

Foto: Divulgação


Mistério esse bem amarrado pelo roteiro, que mesmo não entrando em questões mais sérias de uma forma mais profunda, consegue demonstrar as dificuldades de uma mãe no puerpério, que ainda precisa lidar com constantes questionamentos sobre o seu trabalho (Eva confecciona bonecos reborn), com o asseio da casa, com o cuidado de duas gêmeas, com a sua própria vaidade e com o marido. O turbilhão de coisas que Eva precisa dar conta após o nascimento de Lucas é exposto de forma magistral por Grazi Massafera. Ela começa contida e cresce conforme o mistério, ficando cada vez mais visceral e explosiva. Grazi é uma das atrizes mais fortes da geração atual e funcionou perfeitamente em tramas de suspense como o de Uma Família Feliz.


Assim como Grazi, Reynaldo Gianecchini também é excelente na pele do pai perfeito, Vicente, assim como Luiza Antunes e Juliana Bim, que interpretam as irmãs Sara e Ângela. As irmãs mostram uma dicotomia interessante de ser observada dentro do contexto do longa, enquanto uma é mais quietinha e gosta de brincar de boneca, a outra é mais falante e quer fazer dancinhas para o TikTok. É um contraponto curioso dentro de um roteiro que também faz suaves (às vezes não tão suaves assim) críticas a classe média alta brasileira e sua hipocrisia constante.


Nos aspectos técnicos, Uma Família Feliz me impressionou com um som mais forte e marcado em determinados momentos. Além disso, a direção de José Eduardo Belmonte consegue construir bem a tensão, com uma câmera mais tremida e ousada, que funciona muito bem aliada ao roteiro do filme. O desfecho do longa, sem dúvidas, vai surpreender e deixar de queixo caído até aqueles mais acostumados com grandes reviravoltas, tudo isso sem duvidar da capacidade de entendimento do telespectador, pois, todas as respostas estavam nas entrelinhas desde o seu início.


Uma Família Feliz continua provando que o Brasil faz e exporta ótimos filmes do gênero sem deixar de fazer uma boa crítica a sociedade de forma geral. Sem dúvidas, é um longa que vai conquistar o público, especialmente os fãs de suspense, e que deverá ser bastante comentado nas redes sociais daqui pra frente.


Nota: 4/5

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