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Crítica | Slow Horses (5ª temporada)

  • Foto do escritor: Vinicius Oliveira
    Vinicius Oliveira
  • 17 de nov.
  • 3 min de leitura

Mesmo em temporada ligeiramente inferior, os pangarés da AppleTV continuam brilhando.

Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação

É bizarro pensar que nos três anos que separam a temporada anterior de Stranger Things da vindoura (que estreará na próxima semana), Slow Horses já conseguiu emendar nada menos que cinco temporadas em sequência. O drama de espionagem (ou seria comédia de espionagem?) da AppleTV evoluiu de “apenas” mais uma série no catálogo pouco divulgado do streaming para um de seus carros-chefes, acumulando indicações e prêmios em quantidade cada vez maior a partir da terceira temporada. 


Neste novo ano, que adapta o quinto livro da série original escrita por Mick Herron (intitulado London Roles), os pangarés liderados pelo irascível Jackson Lamb (Gary Oldman) se veem às voltas com um inimigo a princípio invisível, mas que parece ter especial interesse num deles, o detestável Roddy Ho (Christopher Chung). Conforme ataques vão se desenrolando em Londres, apontando para uma velha estratégia utilizada pelas próprias forças britânicas em outros países, fica claro que quem quer que esteja por trás do ataque, quer fazer o Reino Unido provar do seu próprio veneno – a não ser que os pangarés os impeçam a tempo.


A essa altura, é evidente que cada temporada de Slow Horses trabalha dentro de uma fórmula bem-estabelecida, mas a graça é ver justamente como a série consegue se reinventar e trazer frescor a cada vez. Aqui tem-se uma temporada que aposta mais na coletividade, depois de um quarto ano que era mais centrado em River (Jack Lowden) e seu passado familiar, e onde se viu Oldman um tanto subutilizado. Dessa vez o ator veterano tem espaço mais que suficiente para roubar todos os holofotes possíveis, não poupando ninguém com suas tiradas implacáveis, mas também com instantes de maior latitude dramática, como seu monólogo no terceiro episódio, que certamente servirá de Emmy Tape para Oldman na próxima temporada de premiações.


Quem também encontra espaço para brilhar é Chung, que tem aperfeiçoado a cada temporada a arte de fazer do seu Roddy um dos personagens mais escrotos da televisão contemporânea. O jeito como a série encontra novas formas de ridicularizá-lo pelo seu comportamento incel e completamente sem noção é sempre um primor, ainda que seja possível sentir sua perda de espaço na segunda metade de episódios. Falando em ausências, quem sai de cena cedo demais é Louisa (Rosalind Eleazar), ainda que felizmente a porta fique aberta para o seu retorno – o que, numa série conhecida por matar alguns personagens favoritos sem dó, é um alívio.

Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação

Talvez onde a temporada decaia em relação às anterior seja justamente nas figuras antagonistas. Embora parte do mistério deste novo ano seja justamente sobre quem são e quais suas intenções, o prolongamento a respeito dessas revelações numa temporada de apenas seis episódios acaba sacrificando um tanto do impacto que se pretendia que eles tivessem na narrativa. Alguns dos principais motivos pelos quais a terceira e quarta temporadas foram as melhores até o momento se deram justamente pela força dos seus antagonistas/vilões (em especial Hugo Weaving na passada), mas aqui o grupo que emerge das sombras nem de longe deixa a mesma impressão. Além disso, a abordagem sobre eles não deixa de incorrer em velhos tropos que já vimos ao monte em obras ocidentais do gênero – embora haja uma sutil crítica para as práticas nada éticas do Reino Unido sobre países estrangeiros que não chega a ser devidamente aprofundada, mas merece a atenção.


Mesmo não atingindo o mesmo grau de brilhantismo das duas temporadas anteriores, o quinto ano de Slow Horses vem mais uma vez para consolidar a excelente qualidade que a série vem mantendo (e desenvolvendo) desde seu início, tão pouco tempo atrás. Com duas novas temporadas a caminho – ver o trailer da próxima ao final desta foi mais uma vez um deleite – é nítida a fé da AppleTV na série, fé essa muito bem justificada a cada temporada que se passa. Afinal de contas, quanto mais incompetentes nossos pangarés, melhor a experiência televisiva.


Nota: 4/5


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