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Foto do escritorVinicius Oliveira

Crítica | A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets

Sequência apela para nostalgia e referências, mas não tem o brilho do original

Foto: Divulgação


Lançado há 23 anos, A Fuga das Galinhas é um marco da animação em stop-motion, um dos melhores produtos do estúdio Aardman. A história de Ginger, Rocky e as demais galinhas que escapam da granja da maligna Sra. Tweedy ficou imortalizada nas memórias de inúmeras crianças e adultos. O anúncio de uma sequência, mais de duas décadas depois, logo foi recebido com muita expectativa, embora fosse inevitável a pergunta: poderá o novo filme atingir o nível do original?


Em A Ameaça dos Nuggets, Ginger (Thandiwe Newton) e Rocky (Zachary Levi) criam sua filha Molly (Bella Ramsey) na ilha paradisíaca onde vivem com as demais galinhas. Porém, o desejo e a curiosidade de Molly por liberdade a faz escapar da ilha, e ela para numa misteriosa fábrica que abriga diversas galinhas para propósitos funestos. Portanto, cabem aos seus pais e aliados resgatarem-na.

Tal qual Ginger diz em determinado momento, se antes as galinhas desejavam escapar da granja, agora precisam se infiltrar em um espaço ainda mais perigoso.


Mas essa perspectiva não muda o fato de que A Ameaça dos Nuggets replica várias das estratégias e batidas do original, gerando uma sensação de familiaridade que certamente atrai uma boa parte do público mesmo após tantos anos, mas acaba revelando uma notória falta de criatividade, especialmente com a revelação acerca da antagonista principal do longa. Há humor, há tensão e ótimas setpieces de ação tal qual o primeiro filme tinha, mas em tudo falta aquela centelha que o tornaria tão memorável.

Foto: Divulgação


Uma das maiores mudanças reside justamente na ambientação principal da obra. Se no original a granja da Sra. Tweedy era apresentada quase como um campo de concentração — cinza, chuvosa e opressiva —, aqui o novo lugar é idílico e perfeito, mas com um claro senso de que há algo errado. É como uma adaptação galinácea de O Show de Truman (enquanto o plano de Ginger e Rocky remete a obras de espionagem como Missão Impossível), e mostra que ainda há espaço para uma certa crítica ao capitalismo tal qual o primeiro filme possuía. Novamente, porém, é uma réplica que perde seu frescor mesmo na crítica que apresenta.


Felizmente, o núcleo das personagens continua a ser o grande acerto do filme, especialmente pelo timing cômico. Seja a comicamente burrinha Babs (Jane Horrocks), a dupla de ratos aliados Nick (Romesh Ranganathan) e Fetcher (Daniel Mays) e os já citados Rocky e Ginger, o longa sabe exatamente que tom conferir aos personagens, assegurando que nesse aspecto em específico seja uma sequência digna de ser assistida.


No fim, porém, A Ameaça dos Nuggets tem bons momentos, mas não está à altura do original tampouco do saldo geral dos estúdios Aardman. Não basta apenas saber o que funcionou no primeiro filme e replicá-lo mecanicamente: é necessária aquela centelha, aquela pulsão, que fez do longa anterior um clássico. Esta, infelizmente, é uma sequência que, mesmo com seus acertos, vai ser fácil de cair no esquecimento.


Nota: 3/5

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