As chamas ficam só no título, porque a série não poderia ser mais fria.
Foto: Divulgação
Nova série de Josh Schwartz e Stephanie Savage, produtores executivos de clássicos adolescentes como “The O.C.” e “Gossip Girl”, a princípio me deixou bem curioso. O primeiro episódio até conseguiu me deixar interessado pela história e pelos personagens, mesmo que já não fosse nada muito inventivo. E foi nele que já se encerrou o que eu tinha visto de bom, porque os sete episódios seguintes são uma bagunça completa, que faz vários ensaios do que poderia ser algo instigante, mas nunca consegue atingir seu potencial, infelizmente.
Ambientada no ano de 2003, conhecemos Sam (Chase Sui Wonders), uma estudante universitária que é baleada no Central Park no 4 de Julho, dia da Independência dos Estados Unidos. Quando começa a investigação, os detetives vão conectando uma série de incêndios misteriosos, a cena musical do centro de Nova York e uma rica família do ramo imobiliário desgastada pelos muito segredos que guarda. Pela premissa já se pode captar um pouco da bagunça que eu citei. É sempre bom ver narrativas onde os núcleos vão se entrelaçando de uma maneira orgânica, e aqui passa longe de ser assim.
Sam é o ponto chave, pois é através dela que todos se conectam. Ela traz Charlie (Wyatt Oleff) – que é, claro, apaixonado por ela – para esse mundo. Ela o leva para diversos shows, e assim ele conhece uma banda, que são os responsáveis pelos diversos incêndios na cidade e sem nenhum integrante específico que mereça uma menção. Eles flertam com o anarquismo, mas nos é apresentado de uma forma tão vazia, que só parecem jovens desocupados sem propósito de absolutamente nada. O ex-vocalista da banda, William (Nico Tortorella), é viciado em drogas, e irmão de Regan (Jemima Kirke), que é casada com Keith (Ashley Zukerman), com quem Sam tem um caso. Esse é um resumão da patacoada.
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Passeamos por esses enredos através dos detetives que investigam o caso, e talvez esta seja a pior parte. Eles parecem uma caricatura saída da cabeça de uma criança de 5 anos quando perguntam a ela como um detetive deveria ser. Nada neles funciona. As atuações são fora do tom, a caracterização é péssima e até o texto que sai da boca deles é genérico. E no final, quem resolve os mistérios são outros personagens, praticamente. Há de se louvar algumas atuações, como a de Sui Wonders. Mesmo que a personagem caia no lugar comum de outras protagonistas de Schwartz, “que fazem várias merdas, mas o mundo deve perdoá-las porque elas são lindas”, a atriz consegue deixar sua marca. Kirke, Zukerman e Tortorella também estão bem nos papéis, mas a positividade acaba por aqui, que com exceção da bela trilha sonora sempre consistente, não há muito mais para ressaltar de bom.
Não tenho felicidade em falar mal de algo que estava esperando que fosse bom. A série é adaptação de um livro que eu não li, então não posso julgar como tal. Mas falando como série, e que pelas cenas finais pretendia voltar para uma 2ª temporada, ela não funciona. Uma das principais características de Schwartz são os diálogos espertos, rápidos e cheios de referência, e falta muito disso no roteiro de Cidade em Chamas. É como se precisassem de mais episódios para desenvolver a história e fazer com que nos importássemos com os personagens, já que mesmo com a longa duração deles, a série também falha nisso. O resultado são vários grandes momentos jogados sem qualquer impacto para quem assiste, extremamente enfadonhos e que ninguém dá a mínima, com reviravoltas previsíveis, como se colocassem vários temperos em uma panela e nenhum deles conseguisse dar sabor ao prato, que chegou à mesa frio e apático.
Nota: 1,5/5
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