Crítica | Em Vez de Árvores (Olhar de Cinema 2025)
- Vinicius Oliveira
- 13 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de jun.
Na tentativa de discutir as representações da natureza na arte (sobretudo no cinema), longa abraça diversas vertentes, nem todas bem-sucedidas.

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Coprodução entre Argentina e Alemanha, Em Vez de Árvores traz o crítico argentino Roger Koza, amigo do diretor Philipp Hartmann, passeando por espaços públicos e privados e encontrando-se com diversas figuras anônimas ou públicas (dentre estas últimas, os diretores Radu Jude e Paula Gaitán) para trazer uma série de reflexões e divagações a respeito da relação entre natureza e arte, em especial o cinema.
Hartmann experimenta, brinca e se aproxima de Koza e das figuras que interagem com ele para criar uma obra particular e ao mesmo tempo tão geral, pelos conceitos que aborda. Não se trata de um documentário no sentido estrito da palavra (se é que podemos falar assim), mas uma obra que mescla elementos documentais e ficcionais para criar um material híbrido. Dado o quão abstrato pode ser falar de arte ou da própria natureza, Em Vez de Árvores abraça essa abstração como parte da sua própria existência, para o bem ou para o mal.

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Ocasionalmente funciona, como é o caso da entrevista com Paula Gaitán, que explica seu processo para se aproximar da natureza e encená-la. As reflexões trazidas pela curadora sobre os animais empalhados também são uns dos momentos mais fortes nessa aproximação entre arte e natureza, bem como as discussões sobre como as representações da natureza na arte ocidental ao longo dos séculos muitas vezes serviram a propósitos colonialistas. Entretanto, são apenas alguns instantes pontuais entrelaçados a outras abordagens que nem sempre funcionam. Apesar do seu trabalho como crítico de Roger indicar a possibilidade de uma maior exploração do cinema nessa relação com a natureza, o próprio tópico do cinema é abordado de uma maneira um tanto precária, indo além de passagens como a em que o protagonista fala sobre Interestelar ou a entrevista com Gaitán.
Ao abraçar as abstrações e divagações em que o assunto incorre, Em Vez de Árvores muitas vezes se converte em uma experiência um tanto apática e morosa, como se não houvesse muito o que dizer. Isso se revela uma triste ironia, já que se tem uma coisa que o filme tenta mostrar é que há muito sobre o que falar quando estamos tratando da natureza e da presença dela nas artes.
Nota: 2.5/5