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Foto do escritorCaio Augusto

Crítica | Matador de Aluguel

Um remake que aposta em diversas ideias estilísticas mas que falta paixão

Foto: Divulgação


Se na versão original de 1989 temos James Dalton como um homem formado em filosofia se tornando o segurança de um bar de beira de estrada do Missouri, neste remake temos um ex-lutador de UFC que acaba tendo a mesma ocupação, dessa vez em um clima tropical. Não há como negar que a fórmula é atualizada e segue a onda de filmes de ação pós-John Wick com suas lutas coreografadas, ainda que nesse caso esses elementos não sejam tão bem aproveitados por se tratar de um remake que não consegue compreender a fórmula do filme B e porque ela funcionou na época.


No escopo geral, temos alguns elementos interessantes no modo que o filme apresenta um forasteiro chegando no vilarejo para proteger pessoas indefesas, como um bom western. Ao mesmo tempo que o filme não me parece tão interessado nessa postura, já que os personagens de modo geral parecem desinteressantes, e as sucessivas cenas de luta que acontecem no bar são filmadas e montadas de forma frenética de maneira que a câmera trêmula e que chicoteia o espectador a cada 2 segundos, além dos planos fechados que me parecem totalmente sem paixão. Não tenho problema nenhum em assistir cenas que mais parecem emular um videogame, o problema é quando os efeitos visuais são usados de forma excessiva e artificialidade acaba minando a imersão da ação. O que acaba indo no caminho contrário da forma que o personagem do Jake Gyllenhaal é inserido na trama, que tem que enfrentar seus demônios ao ter que encarar o seu passado traumático.


Talvez se o filme adotasse de fato essa postura de artificialidade do videogame no filme como um todo, me agradaria um pouco mais, pois o Conor McGregor acaba entregando uma performance que estranhamente perpassa pelo divertido e pelo assustador, como um genérico chefão de um jogo de luta. Embora McGregor retrate uma versão exagerada de si mesmo na vida real, ele representa a maior ameaça física para o personagem de Gyllenhaal e uma fonte de energia para o filme. É tão exagerado e ridículo, como um personagem irlandês dos Looney Tunes que o filme imediatamente ganha uma energia diferente sempre que ele aparece. No entanto, mais uma vez as cenas de luta entre ele e Gyllenhaal são prejudicadas pela coreografia brutal, movimentos de câmeras e pelos efeitos visuais, reduzindo todo o seu potencial em mera plasticidade.

Foto: Divulgação


Para um filme que deveria apresentar algumas sequências de combate corpo a corpo memoráveis, elas acabam sendo estranhamente as partes menos memoráveis do filme, e parece engessar durante a segunda metade do filme, assumindo que todo o potencial será descarregado no confronto final, mas que também não acaba convencendo quando chega o momento. O principal interesse da direção de Doug Liman parece seguir ideias estilísticas de diretores como Michael Mann e Michael Bay, sem nunca se aproximar da substância emocional e existencial que esses diretores apresentam. Onde a versão original acerta justamente por trazer o calor, o tesão e todos os demais elementos que tornam o filme vivo e pungente. 


Por sua vez, um filme que por sua vez poderia ser visto na tela grande acaba se transformando em um exemplo claro do estilo de cinema de streaming e da abordagem mainstream dos filmes de ação. De modo que apresenta imagens ativas e com direção frenética, narrativas familiares que se concentram exclusivamente na trama e apenas ela, diálogos divertidos que não conseguem realmente arrancar risadas, no final das contas, não oferece muito mais do que uma ênfase exagerada na coragem e da virilidade de Dalton em comparação com a fraqueza de seus inimigos.


Nota: 2/5

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