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Crítica | Springsteen: Salve-me do Desconhecido

  • Foto do escritor: Ávila Oliveira
    Ávila Oliveira
  • 30 de out.
  • 2 min de leitura

Recorte de período soturno do artista desenham o espaço do moderado longa

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Foto: Reprodução


Uma crônica da criação do álbum Nebraska de Bruce Springsteen, de 1982, quando ele era um jovem músico à beira do estrelato, lutando para conciliar as pressões do sucesso com os fantasmas do seu passado. Baseado no livro de Warren Zanes.


Sempre abordo o mesmo tópico quando escrevo sobre cinebiografias, mas um recorte bem demarcado é importantíssimo para o bom desenvolvimento de um filme sobre uma personalidade. É um fator que valida a filmagem de uma história, é o que vai diferenciá-la de tantas outras existentes e possivelmente semelhantes em vários aspectos. Springsteen: Salve-me do Desconhecido escolhe a dureza e o início do enfrentamento de questões pessoais, mentais e sentimentais do artista para refletir seu talento, sua expressividade e sua visão de mundo.


O roteiro tenta organizar as possíveis causas - subjetivas, sociais e políticas - que convergiram para que a mente de Springsteen entrasse num vórtex de negatividade e questionamentos existenciais durante um crítico período de ascensão da sua carreira. E o filme consegue expressar todas essas vertentes dentro de um molde comportado e sistemático demais, o que não chega a comprometer a execução, mas tira parte da força da narrativa.

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Foto: Reprodução


Jeremy Allen White veste muito bem as roupas de personagens deslocados, depressivos e ansiosos, e, para além da semelhança física com Bruce, ainda cantou e tocou gaita com um nível de profissionalismo que considero relevante para atores que pretendem dar vida a papeis de músicos reais seja no teatro, televisão ou cinema. O ator entrega um trabalho equilibrado e bem construído em cima dessa angústia existencial, e replica muito bem os traços performáticos do papel-título. E Jeremy Strong mais uma vez parece tornar fácil o trabalho de contrapor protagonistas com coadjuvantes também complexos e cheios de personalidade.


É um longa com um bom desempenho apesar de sua estrutura formal demais que, por vários momento, ameaça cair numa cadência enfadonha, mas a direção de Scott Cooper percebe exatamente quais momentos deve virar alguma chave no dinamismo para não deixar o texto adormecer em meio ao que está sendo filmado. Este é um filme que acerta na abordagem e no tom da alienação e sentimento de opressão diante da sociedade e das instituições, e mesmo que não contasse a história de um nome famoso, ainda assim teria um resultado positivo pela consistência do seu teor.


Nota: 3,5/5


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