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Crítica | Amores à Parte

  • Foto do escritor: Oxente Pipoca
    Oxente Pipoca
  • 25 de ago.
  • 2 min de leitura

Comédia encontra força na sua encenação para discutir relacionamentos modernos através do absurdo e do inesperado.


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O segundo filme de Dakota Johnson no ano a discutir as dinâmicas dos relacionamentos modernos, Amores à Parte pode ser a resposta àqueles que sentiram falta de comédia em Amores Materialistas. Isso porque o filme de Michael Angelo Covino reforça seu humor não apenas do texto afiado (co-escrito por Covino e a outra estrela do filme, Kyle Marvin), mas sobretudo a partir da encenação, criando piadas visuais de um timing acertado que são fortalecidas pelo trabalho primoroso de direção.


Na trama, Carey (Marvin) e Paul (Covino) são amigos de longa data, casados com Ashley (Adria Arjona) e Julie (Johnson), respectivamente. Durante uma viagem para a casa de Paul e Julie, Ashley inesperadamente pede o divórcio, lançando Kyle numa crise — e atirando-o para os braços de Julie, que vive um casamento aberto e não-monogâmico com Paul.


Dividindo-se em capítulos, Amores à Parte parte deste momento de crise entre os casais, sem, no entanto, estar interessado em oferecer algum tipo de resposta definitiva sobre qual modelo de relacionamento é mais bem-sucedido. Covino e Marvin estão mais interessados em extrair humor dos mais diversos tipos de situação, sem ter medo de apelarem ao absurdo, inesperado e ridículo. Seja na briga entre Paul e Carey após este revelar que dormiu com Julie (que, sem brincadeira, concorre facilmente ao título de melhor cena de luta do ano), Carey lutando para segurar vários peixes em uma montanha-russa, a montagem que vai acrescentando novos parceiros de Ashley à casa em que ela e Carey vivem, ou todo o caos do clímax, o filme não se furta a nos fazer rir, e entende que, mais do que o texto ou a entrega cômica dos atores, é a encenação quem fortalece o humor da obra, como nas piadas e detalhes que ocorrem em segundo plano, ou nas tomadas longas, repletas de travellings e movimentações de câmera, que revelam ou escondem conforme o desejado, gerando ainda mais risos a depender da cena.


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Talvez onde o filme mais peque é na subutilização de Adria Arjona em comparação aos seus colegas de elenco, mesmo que sejam suas ações o mote a partir do qual o filme se origina. Além disso, há um descompasso em relação à figura de Julie (a straight girl, por assim dizer), que não sei dizer se advém de uma escolha consciente do filme ou das limitações na atuação de Dakota Johnson. Felizmente, isso é compensado pela entrega magnífica de Marvin e Covino, ou até dos coadjuvantes que em poucos minutos roubam as cenas, como os(as) namorados(as) de Ashley vividos por Charlie Gillespie, David Castañeda, Nicholas Braun e Nahéma Ricci.


Amores à Parte não vai te dizer se a monogamia ou a não-monogamia é o melhor caminho para um relacionamento, mas certamente te fará rir muito no processo. Chegando de maneira quase tímida, o filme acaba se solidificando como a melhor comédia (romântica?), fortalecendo através das escolhas seguras de Covino na direção o seu ótimo texto.


Nota: 4/5

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