Crítica | Elio (2025)
- Ávila Oliveira
- 17 de jun.
- 2 min de leitura
Animação suaviza na alegoria e perde parte do potencial impacto.

Elio, um fanático pelo espaço com uma imaginação fértil, se vê em uma desventura cósmica na qual precisa formar novos laços com formas de vida alienígenas, navegar por uma crise de proporções intergalácticas e, de alguma forma, descobrir quem ele realmente deveria ser.
Esta não é a primeira animação, nem mesmo da Disney-Pixar, a trazer a problemática de deslocamento infantil disfarçada de alegoria. A “criatura” é o exemplo perfeito para ilustrar a ideia de não-pertencimento, de mudança e de aceitação. A diretora Domee Shi e a roteirista Julia Cho trabalharam juntas em Red: Crescer é uma Fera (2022), também dos estúdios Disney-Pixar, e numa abordagem mais intimista e direta, conseguiram apresentar o texto sem voltas excessivas e sem aplacar o choque contrastante necessário entre a realidade apresentada inicialmente e a final.
Já o roteiro de Elio parece querer contornar o problema central dos dois protagonistas com recursos lúdicos demais que acabam por suavizar toda a questão. Talvez eu me acostumei com a leva de textos mais "duros" dos estúdios, como Up: Altas Aventuras (2009), Toy Story 3 (2010) e Divertida Mente (2015), por exemplo. Ou talvez eu tenha me tornado um adulto amargurado que ache que as crianças precisem, e mereçam, filmes menos enfeitados e mais incômodos - dadas as suas devidas proporções.

Ainda assim este não é um filme bobo, ele tem suas lições de moral para as crianças e para os adultos e consegue ser simpático sem precisar estar enfiando tiradinhas ao final de cada fala. Mas é tanto molde a ser preenchido que poucas são as surpresas, seja na função ou seja na forma. Domee Shi divide a direção com Adrian Molina e Madeline Sharafian, e consegue manter o seu traço facilmente identificável nas expressões dos personagens e na finalização de ações. É um longa que explora cores neons e formas fluidas de forma inteligente e consegue criar seu universo com personalidade e destreza.
A gama de personagens apresentada e o fechamento do arco com ganchos para possíveis continuações é inevitável com tudo que vem de onde este veio. No entanto, diferente de outros que - só - parecem ser estimulados por lucro, esse eu quero acreditar que existe chance de desempenhos mais maduros, críticas mais incisivas e exemplos mais explícitos.
Nota: 3/5