Atrizes trans brasileiras que estão transformando o audiovisual nacional
- Oxente Pipoca
- 7 de jun.
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Atualizado: 9 de jun.
No Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, destacamos artistas que vêm ocupando espaços com talento, representatividade e histórias que atravessam o país

Durante o Mês do Orgulho, o Oxente Pipoca celebra o trabalho de atrizes trans que estão conquistando visibilidade e reconhecimento no cinema, na televisão e nas plataformas de streaming. Com trajetórias que unem potência artística, ativismo e narrativas que refletem múltiplos Brasis, elas têm contribuído de forma decisiva para transformar o audiovisual nacional – dentro e fora das telas.
Noá Bonoba

Atriz, roteirista, realizadora, preparadora de elenco, encenadora, dramaturga, curadora e pesquisadora. É doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM-UFC), onde desenvolve pesquisa sobre cinematografias trans e as possibilidades de reestruturação do audiovisual brasileiro a partir dos eixos: formação, realização, redistribuição de acessos e políticas afirmativas.
Foi Diretora de Descentralização e Pesquisa da Associação de Profissionais Trans do Audiovisual (APTA) durante o ano de 2024, atuando na articulação de políticas culturais e estratégias de descentralização da produção audiovisual brasileira. É também mestra em Artes pelo PPGARTES-UFC e Licenciada em Teatro pelo IFCE. No cinema dirigiu os curtas-metragens O Mundo Sem Nós (2016) e Terra Ausente (2018); fez também a preparação de elenco dos curtas: Multidões (2013) e Rua dos Valagumes (2014), de Camila Vieira, Tenho um Dragão que Mora Comigo (2013), de Wislan Esmeraldo e Paisagem na Garganta (2019), de Mike Dutra e Gabi Trindade. Fez parte do elenco do longa-metragem Canto dos Ossos (2020) e Estranho Caminho (2024), onde também foi preparadora de elenco.
Kiara Felippe

Atriz, DJ e artista multidisciplinar. Nascida em Carapicuíba (SP), iniciou sua transição de gênero aos 20 anos e, desde então, construiu uma carreira marcada por representatividade e talento. Estreou nas novelas como Andrea em Beleza Fatal (Max), interpretando uma professora de dança trans, papel que reflete sua própria trajetória. Ela está no elenco da minissérie Casa da Vó e aparece nos documentários de curta-metragem Beat é Protesto! e Sou Trans e [R]Existo. Kiara também é DJ residente da festa BATEKOO e já se apresentou em eventos internacionais como o Afropunk em Nova York. Uma artista que inspira e transforma com sua arte e presença.
Danny Barbosa

Atriz, roteirista, diretora e produtora audiovisual natural de João Pessoa, na Paraíba, e é reconhecida como a primeira profissional trans a atuar e produzir audiovisual no estado. Sua trajetória artística começou no teatro, ainda na infância, ao participar de apresentações de dança e teatro na igreja com sua avó, Maria de Lurdes. Formada em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), ao longo dos anos sua trajetória artística se diversificou, destacando-se por atuações em musicais, espetáculos teatrais, além de curtas e longas-metragens, que lhe renderam prêmios em diversos festivais de cinema e teatro no Brasil. Danny se destaca por suas atuações em filmes como Bacurau (2019), de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, Mais Pesado é o Céu (2023), de Petrus Cariry, O Sertão Vai Vir ao Mar (2024), de Rodrigo César (produção Globo) e Salomé (2024), de André Antônio. Esses filmes premiados marcaram presença em importantes festivais de cinema, como o Festival de Cannes, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, o Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, entre outros. Atualmente, Danny Barbosa segue como uma das vozes mais importantes na cena audiovisual paraibana, consolidando-se como uma referência para a representatividade trans na cultura brasileira.
Isis Broken

Mulher trans afro-indígena, sergipana, cantora e atriz. É também mãe progenitora de Apolo, fruto de um relacionamento transcentrado, o que fez com que a artista se tornasse uma voz potente na luta contra o preconceito e pelo reconhecimento na maternidade trans. Ela estreou como atriz com a personagem Mateusa na série Histórias impossíveis, do Globoplay. Em 2024 fez parte do elenco de No Rancho Fundo, novela das 18h da Rede Globo. Atualmente está gravando o filme Borda do Mundo, da diretora Jo Serfaty, que retrata a vida de uma pescadora e sua jovem neta, enfrentando a iminente destruição de sua casa. No longa, Isis interpreta Nayara, uma pescadora experiente que atua em uma cooperativa formada por mulheres.
Jupyra Carvalho

Travesti, artista multilinguagem e audiodescritora, formada em Teatro pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e produtora cultural na cidade de Fortaleza desde 2014, onde vem desenvolvendo projetos autônomos e exercendo, profissionalmente, esta função em instituições culturais desde 2016, como o Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno, Instituto de Cultura, Arte e Esporte (CUCA), Centro Cultural Belchior e, atualmente, na Pinacoteca do Ceará. No cinema, participou como atriz nos filmes Revoada (CE, 2019), de Victor Costa Lopes (Melhor curta-metragem na mostra Première Brasil Novos Rumos); Canto dos Ossos (CE/RJ, 2020), de Jorge Polo e Petrus de Bairros (Melhor longa-metragem da Mostra Aurora, pelo Júri Oficial); A Filha do Palhaço (CE, 2022), de Pedro Diógenes e Motel Destino, de Karim Ainouz, com estreia oficial na mostra competitiva de Cannes (2024). Participou também da minissérie O Relógio de Einstein (TV Jangadeiro/SBT/Filmograph). Recentemente esteve no filme A Vaqueira, a Dançarina e o Porco com estreia na Quinzena de Realizadores, em Cannes (2025). Protagonizou como atriz o clipe da música “Azul Dourada”, de Igor Caracas, disponível no Youtube. Na acessibilidade, realiza a Tradução Audiovisual Acessível (TAVa) por meio da Audiodescrição (AD), no qual presta consultorias para projetos diversos.
Renata Carvalho

Atriz, diretora, dramaturga e transpóloga. Graduanda em Ciências Sociais, é fundadora do MONART (Movimento Nacional de Artistas Trans), do “Manifesto Representatividade Trans” e do COLETIVO T, primeiro grupo a ser formado integralmente por artistas trans em São Paulo. Renata é autora e intérprete de peças impactantes como Manifesto Transpofágico (2012), Corpo Sua Autobiografia, Domínio Público, ZONA! (2013), Projeto Bispo e Dentro de Mim Mora Outra. No cinema, Renata atuou em Vento Seco (2020), como a policial Paula, e protagonizou Os Primeiros Soldados (2021), interpretando Rose, uma artista trans durante a crise do HIV/AIDS nos anos 1980. Este papel lhe rendeu o Prêmio Especial do Júri no Festival do Rio e no International Film Festival of India, além de ser a primeira mulher trans a vencer o Prêmio Guarani de Melhor Atriz Coadjuvante. Ela também participou dos documentários Quem Tem Medo? (2022), sobre censura nas artes, e Corpolítica (2022), que discute questões políticas recentes envolvendo figuras públicas LGBT brasileiras. Em 2024, estrelou o filme Salomé, de André Antônio. Na televisão, Renata interpretou Carmen na série Pico da Neblina (2019), da HBO Max, e participou das séries As Five (3ª temporada) e Fim, ambas do Globoplay.
Kika Sena

Kika é arte-educadora, atriz, diretora teatral, poeta e performer. Graduada em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília, a alagoana começou sua carreira no teatro em 2010 e desde então atua como atriz e pesquisadora teatral com estudos sobre voz e palavra na performance de seu corpo travesti. Sua estreia no cinema ocorreu em 2022 como protagonista do filme Paloma, de Marcelo Gomes, trabalho que a levou a ganhar o Troféu Redentor de Melhor Atriz no Festival do Rio. Desde então Kika fez o filme Noites Alienígenas, amplamente premiado no Festival de Gramado, e protagonizou um dos episódios de Histórias (Im)possíveis, série produzida pela Rede Globo, com direção artística de Luisa Lima. Kika está no elenco de Geni e o Zepelim, de Anna Muylaert, adaptação da canção homônima de Chico Buarque, lançada em 1978 como parte da peça musical Ópera do Malandro.
Souma

Atuante no teatro, cinema, educação e performance. É atriz, preparadora de elenco, produtora, arte-educadora, pesquisadora e performer, articulando práticas de resistência e transformação a partir de perspectivas transvestigêneres e periféricas. Desenvolve e colabora em projetos que atravessam expressões corporais, raça, gênero e territorialidade, tendo a memória como um princípio ativo, que orienta suas criações e ações no presente para que se prolonguem, que tenham continuidade. No cinema, esteve no elenco dos longas: O Melhor Amigo, de Allan Deberton; Fortaleza Hotel, de Armando Praça; e Cabeça de Nêgo, Déo Cardoso; Souma também está em Morte e Vida Madalena, próximo filme de Guto Parente. Fez preparação de elenco para os curtas Ponte Metálica, de Wes Maria e Felipe Bruno, Menção Honrosa no Festival Ceará Voador pelo trabalho; Cavalo Branco, de Gabriel Marques; Marimbã Está Acontecendo, de Maryn Marinho; Chapéus Cartolas e Buckets, deVictor Bernardo e Pedro, de Leo Silva. Na TV fez parte do elenco das séries Trago a Pessoa Amada (Vitã) e Virtude (Germano Gomes e Dado Fernandes).
Ayla Gabriela

Atriz, cineasta, dançarina e performer brasileira que se destaca por sua pesquisa sobre o estado de presença e o diálogo com o corpo. Seu primeiro contato com as artes cênicas foi por meio do teatro de expressão corporal, sob a direção de Dani Visco. No cinema, Ayla protagonizou o curta-metragem Pássaro Memória (2023), de Leonardo Martinelli, selecionado para importantes festivais internacionais como Locarno, Toronto e Gramado. Em 2020, dirigiu e atuou no curta A Corpa Fala, que aborda questões de identidade e corpo. Outros trabalhos incluem os filmes Santo (2023), onde interpretou Gisele, uma sonhadora em um relacionamento secreto com um ex-policial, e Girassóis (2024), no papel de Dora, filha de um casal do subúrbio do Rio de Janeiro. Em 2025, protagonizou o curta Defesa Pura, rodado em São Luís. Ayla será a personagem título do longa-metragem Geni e o Zepelim.