Segundo dia (17/05) teve a primeira exibição de Monster, de Hirokazu Kore-eda, e do curta Extraña Forma de Vida, de Almodóvar
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Na sala Buñuel Theatre aconteceu um bate-papo com o ator Michael Douglas dando continuidade às homenagens ao artista que ontem recebeu uma Palma de Ouro Honorária. Douglas falou sobre momentos importantes da carreira, sobre a superação do câncer de garganta e sobre o atual momento de sua carreira. “Estou de folga. Estou ansioso para fazer uma boa pausa”, disse. “No momento, quero me concentrar em minhas questões de serviço público.”
Ao comentar das vezes em que esteve presente em Cannes anteriormente, o ator comentou sobre a produção Minha Vida com Liberace (Behind the Candelabra), de 2013, onde deu vida ao icônico pianista Liberace e fez par romântico com Matt Damon. O ator disse que sua atuação foi tida como favorita para os prêmios de cinema, mas por ser uma produção feita para televisão não foi tratado como filme na época.
“Houve um desacordo sobre se era realmente um filme ou não. [...] Entendo as regras de lançamento em uma sala de cinema por pelo menos uma semana. Mas a realidade agora é o streaming: eles estão fazendo filmes”, disse ele. “Se você tiver sorte, pode fazer com que eles [os streamers] lancem o filme em um cinema por uma semana. Mas você não pode subestimar o streaming e tratá-lo como se fosse apenas televisão.”
Divulgação: El Deseo, photo by Iglesias Más
A première do aguardado curta-metragem Extraña Forma de Vida, de Pedro Almodóvar foi outro destaque desta quarta-feira. O romance-queer-western do diretor espanhol arrancou elogios de quem esteve presente. As escolhas estéticas do cineasta, as referências a grandes filmes do gênero e as atuações dos protagonistas Ethan Hawke e Pedro Pascal foram alguns dos pontos mais aclamados. Estão também no elenco os espanhóis Jason Fernández e Manu Ríos e o português José Condessa.
Monster, o sétimo filme do diretor japonês Hirokazu Kore-eda a disputar Palma de Ouro, também teve sua primeira exibição no segundo de festival. A produção marca a reunião do diretor com a atriz Sakura Ando, estrela de Assunto de Família, filme que venceu a Palma de Ouro em 2018. O drama conta a história de Minato (Soya Kurokawa), um menino, está exibindo um comportamento cada vez mais preocupante na escola e em casa. Sua mãe, Saori (Sakura Ando), decide discutir o assunto com os professores de sua escola. Logo fica claro que seu professor, Hori (Eita Nagayama), é a fonte de todos os problemas. Mas à medida que o mistério se desenrola, a verdade se revela mais complexa do que o esperado.
Divulgação: Daniele Venturelli / GettyImages
A nova produção também marca o retorno do diretor ao Japão. Seu último filme, Broker, que esteve na Competição de Cannes do ano passado foi inteiramente filmado na Coreia do Sul. O retorno às suas raízes também deu ao diretor a oportunidade de se juntar com lendário compositor Ryuichi Sakamoto que desenvolveu a trilha sonora do filme. O talento por trás das trilhas sonoras de Furyo: Em Nome da Honra (1983), Tabu (1999) e Hara-Kiri: Morte de um Samurai (2011) era um nome conhecido e recorrente do festival. Sakamoto faleceu em março desse ano e Monster foi seu último trabalho.
Competindo com o ainda inédito Perfect Days, o veterano diretor Wim Wenders levou também para o festival o documentário Anselm, que fala sobre a vida do pintor e escultor alemão Anselm Kiefer. Wender é conhecido por transitar entre gêneros e linguagens com facilidade. O cineasta tem um belo histórico de participações (e vitórias) em Cannes. Venceu a Palma de Ouro em 1984 pelo filme Paris, Texas; ganhou o prêmio de Melhor Diretor em 1987 pelo filme Asas do Desejo; ganhou o Grande Prêmio do Júri em 1993 por Tão Longe, Tão Perto e venceu dois prêmios da Mostra Um Certo Olhar em 2014 pelo documentário Sal da Terra, sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado (pelo qual também recebeu uma indicação ao Oscar).
O novo documentário foi descrito pelo site Filmland Empire como um “retrato do artista alemão Anselm Kiefer que explorou as feridas abertas da sociedade alemã. Parte documentário experimental, parte cinebiografia elíptica: austera, lírica, fascinante.”
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Outro documentário que também estreou hoje no festival foi Occupied City, do diretor ganhador do Oscar Steve McQueen. O passado colide com o presente nesta escavação da ocupação nazista de Amsterdã: uma jornada da Segunda Guerra Mundial aos últimos anos de pandemia e protesto e uma reflexão provocativa e afirmativa sobre a memória, o tempo e o que está por vir. Matt Neglia do site Next Best Picture afirmou que o documentário é “uma visão extensa, sombria e perspicaz da Amsterdã moderna, enquanto reconta as atrocidades cometidas pelos nazistas na cidade durante a Segunda Guerra Mundial. Uma carta de amor e um aviso assustador do que pode acontecer de novo, mas muito longo”.
Divulgação: Emmylou Mai - CHAZ Productions
Le Retour (Homecoming), da diretora Catherine Corsini, foi mais uma estreia do dia entre os filmes da Competição. No roteiro, Khédidja trabalha para uma rica família parisiense que pediu para ela cuidar de seus filhos durante um verão na Córsega. Levando consigo suas duas filhas adolescentes, Jessica e Farah, essa é uma oportunidade para elas voltarem para a ilha que deixaram 15 anos antes, em circunstâncias trágicas. Enquanto sua mãe lida com suas memórias, as duas garotas se entregam a todas as tentações do verão: encontros inesperados, travessuras e experiências do primeiro amor. E durante esse tempo, surgem perguntas sobre o passado distante da mãe na ilha, levando-as a se aprofundar na versão de sua mãe sobre a história da família.
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