Farofa pop estilo anos 2000 que se exibe sem qualquer vergonha
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Bill Skarsgård estrela como “Garoto” que jura vingança depois que sua família é assassinada por Hilda Van Der Koy (Janssen), a matriarca perturbada de uma dinastia pós-apocalíptica corrupta que deixou o menino órfão, surdo e sem voz. Impulsionado por sua voz interior, que ele cooptou de seu videogame favorito de infância, Boy treina com um misterioso xamã (Ruhian) para se tornar um instrumento de morte e é solto na véspera do Abate anual de dissidentes. A confusão começa quando o Garoto inicia um sangrento caos de artes marciais, incitando a ira da carnificina e o derramamento de sangue. Enquanto tenta se orientar neste reino delirante, o Garoto logo se junta a um desesperado grupo de resistência, ao mesmo tempo em que briga com o aparente fantasma de sua irmã mais nova rebelde.
O longa de estreia do diretor alemão Moritz Mohr é eufórico. Claramente ele traz inspirações de filmes de artes marciais asiáticos, do furor da ação hollywoodiana e especialmente dos videogames. Com apenas 10 minutos iniciais o cineasta faz uma pequena mostra do que a produção apresentará: ironia, sangue e lutas muito bem coreografas. O que o espectador não imagina é que dali para a frente isso só vai se intensificar e em qualquer momento tentará se passar por algo diferente.
O filme não tem escrúpulos (visualmente e narrativamente), não é polido e nem faz qualquer cerimônia para escrachar no seu humor duvidoso e na sua violência pra lá de gráfica. E falando nisso o cineasta conseguiu se sair muito bem algumas de suas exageradas escolhas (haja visto que é seu primeiro trabalho numa produção dessa escala), especialmente na frenética câmera nos combates, mas em outras que demandavam muitos efeitos especiais digitais e filtros o resultado figurou um constrangedor amadorismo.
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O roteiro faz o arroz com feijão e não se preocupa em dar mais detalhes do que o minimamente necessário para motivar a pancadaria. Um pouco de contexto voltado para a ambientação do público àquele universo novo não faria mal nenhum, mas essa ausência não chega a comprometer a estrutura narrativa que, tal qual um jogo de fliperama clássico, tem seus vilão e suas razões bem demarcados logo no princípio.
Skarsgård sustenta com graça seu papel que, dada a situação do enredo, pode-se considerar complexo. Sem falar uma palavra e com um trabalho de corpo incrível, o ator sueco prova que mais uma vez que parece não haver limites para sua versatilidade. Os demais nomes do elenco também preenchem os requisitos necessários para moldar a desenvoltura de seus personagens que, sejamos honestos, não são tantos assim.
Contra o Mundo faz parte de um estilo de filmes que não se vê mais e fez muito sucesso na primeira década dos anos 2000, onde diretores estreantes arriscavam suas carreiras promissoras e experimentavam bastante em adaptações de jogos, animes e quadrinhos tentando emplacar o próximo grande blockbuster. Tem quem não goste de farofas, para mim, elas sabendo de suas limitações e aproveitando o máximo disso, são sempre bem-vindas.
Nota: 3/5
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