Continuação é simpática, mas se perde em meio as caricaturas e as autorreferências
Foto: Divulgação
Nesta nova história, que se passa dezesseis anos após os acontecimentos da primeira, Raimundo Nonato (João Miguel) conseguiu conquistar uma posição confortável se aproximando dos poderosos da prisão, por meio do seu inigualável talento para a culinária. Ele cozinha para o diretor do presídio, para o líder dos detentos, Etecétera (Paulo Miklos), e para os carcereiros, com requintes de alta gastronomia. Mas, a chegada do mafioso italiano Benedetto Caroglio (Nicola Siri) à prisão vai abalar as estruturas e colocará o chef no epicentro de uma feroz disputa de poder.
O novo longa-metragem do diretor Marcos Jorge segue os passos do primeiro em relação ao tom bem-humorado e a tentativa de criar o suspense motivador que liga as duas histórias. Na primeira parte ele acerta, na segunda erra o tom e não consegue harmonizar.
O arco narrativo do personagem Caroglio, infelizmente o novo protagonista, disputa tempo com o arco da prisão, onde o personagem Raimundo Nonato “Alecrim” fica escanteado e perde espaço para o personagem de Paulo Miklos. O Alecrim se reduz à motivação para esses outros personagens e vira o elo que tenta ligar suas histórias. Usei “infelizmente” porque o carisma do filme e a identidade do roteiro estão intrinsecamente ligados ao personagem de João Miguel, um dos grandes acertos da primeira produção.
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Para além disso tem a questão da representação caricata da família mafiosa que é exatamente o que se espera de uma representação de família italiana mafiosa por uma lente humorística brasileira. Não é categoricamente ruim, mas não imprime qualquer traço criativo que justifique a escolha e as decisões tomadas para inflar o texto tanto a ponto de romper com o antigo protagonista como aconteceu.
Entre os novos nomes do elenco se destacam os italianos Nicola Siri e Marisa Laurito que conseguem ter os melhores momentos em cena, os demais ou não tem personagens que demandem muita expressividade ou realmente estão abaixo do mínimo esperado para um resultado positivo.
Ainda assim, o filme diverte, como falei no início, mesmo que as custas dos traços do anterior. Do primeiro para cá o cinema gastronômico já viu várias outras produções que conseguiram usar o alimento como meio ou mensagem de forma a serem lembrados pelas suas abordagens, e por mais que Estômago 2 não deixe uma marca forte como seu antecessor, ao menos consegue satisfazer enquanto pode ser degustado.
Nota: 3/5
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