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Crítica | Sirāt (TIFF 2025)

  • Foto do escritor: Gabriel Sousa
    Gabriel Sousa
  • 4 de set.
  • 2 min de leitura

Um filme que te convida a dançar, mas apenas para nos distrair do seu vazio.


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Divulgação


Um dos grandes acontecimentos do Festival de Cannes de 2025 foram as compras da Neon. A distribuidora, que conquistou sua sexta Palma de Ouro consecutiva com It Was Just an Accident, quis garantir a vitória sem apostar todas as suas fichas apenas em Sentimental Value, que já estava em seu catálogo. Além do vencedor, a empresa também adquiriu O Agente Secreto e Sirāt, todos filmes que saíram do festival premiados e bem recebidos pela crítica.


Sirāt, vencedor do Prêmio do Júri em Cannes, é um filme espanhol que acompanha a jornada de um pai e seu filho em busca da filha desaparecida em um deserto, cenário de estranhas raves. Já na sequência inicial, durante os créditos, somos apresentados à paisagem sonora do filme, com músicas que o próprio longa define como “não para ouvir, mas para dançar”. A narrativa explora o isolamento do deserto em contraste com festas lotadas, cheias de pessoas conectadas entre si.


O deserto já foi amplamente explorado no cinema, lembrado sobretudo pela saga Mad Max. Embora Sirāt não apresente grandes inovações nesse imaginário, ainda consegue entregar elementos visuais interessantes, especialmente pela fotografia, que reforça a vastidão do deserto em contraposição aos pequenos personagens, sobretudo quando eles se afastam da multidão.


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O grande problema de Sirāt, em minha perspectiva, está em sua história. A premissa, simples mas promissora, um pai e um filho em busca da filha desaparecida, acaba se esgotando rapidamente, mantendo-se nesse único eixo narrativo enquanto os personagens atravessam o deserto rumo a uma nova rave. O filme tem momentos cativantes, mas eles surgem apenas quando a trama já se encaminha para o final. Apesar de vendido como um thriller tenso, a experiência é, na maior parte do tempo, entediante até chegarmos aos últimos 30 minutos.


O título, traduzido nos instantes iniciais, vem do árabe e significa uma ponte erguida sobre o inferno, pela qual as pessoas devem passar de acordo com suas ações. Após assistir ao filme, é fácil entender a metáfora proposta pelo diretor, mas a ideia não é bem desenvolvida ao longo da narrativa. A falta de contexto sobre os personagens torna seus dilemas pouco envolventes, problemas que soam como “white people’s problems,” e até a busca pela filha desaparecida perde impacto, a ponto de eu não me importar se ela seria encontrada ou não.

Apesar de sua riqueza visual e sonora, Sirāt é um filme vazio, com apenas um esboço de mensagem. Mais uma tentativa de uma perspectiva europeia de se aproximar da experiência dos imigrantes, que novamente falha em estabelecer uma conexão genuína.


Nota: 2/5


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