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Crítica | A Guerra dos Mundos

  • Foto do escritor: Filipe Chaves
    Filipe Chaves
  • 7 de ago.
  • 2 min de leitura

Nem trágico nem cômico, o que deixa tudo ainda pior.


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Divulgação


Mais uma adaptação da obra homônima de H. G. Wells, em que alienígenas invadem a Terra e começam a matar todo mundo. Desta vez, a intenção é dar uma releitura mais tecnológica à história, mas o tiro sai pela culatra. Acompanhamos William Radford, um agente do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, interpretado por Ice Cube. O diretor Rich Lee achou uma boa ideia que a história fosse contada através de telas, como em Buscando… (2018) e Desaparecida (2022), sendo que aqui não funciona porque não há a construção da tensão que foi crucial para que os outros dois tivessem sucesso.


Se nem a ideia foi boa, a execução foi pior ainda. Para não deixar o drama familiar - que é um dos pilares originais - de lado, temos dois filhos do personagem de Cube perdidos em meio ao caos. Ah sim, o personagem é viúvo e ainda está enlutado pela morte da esposa. Nada aqui tem qualquer peso dramático, porque desde o início tudo soa estúpido, sem senso de perigo ou urgência e vai se tornando consideravelmente pior a medida que avança.


O fato do protagonista passar o tempo quase todo em frente a uma tela fez parecer que eu estava assistindo a alguém assistindo um filme e a atuação de Ice Cube não consegue convencer ninguém do contrário. Ele faz caras e bocas de preocupação, chora, se desespera, liga no FaceTime, consegue ter acesso a qualquer câmera, manda mensagem para a esposa que morreu no Facebook e por aí vai. Isto, claro, enquanto diz o que está sentindo com o texto mais expositivo possível.


Iman Benson é Faith, a filha que está grávida, e apesar das sequências completamente vergonhosas em que é colocada, a atriz é competente. O que não se pode dizer de Henry Hunter Hall, que faz David, o filho hacker e problemático. O roteiro não ajuda em absolutamente nada, o ator não se esforça e o diretor parece muito menos interessado. Eva Longoria, a Gaby de Desperate Housewives, e Clark Gregg, de Agents of SHIELD, dois atores dos quais gosto bastante, são desperdiçados aqui, mesmo tendo algum destaque, as reviravoltas que envolvem os seus personagens são tão imbecis e preguiçosas que dão pena.


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Não há qualquer sutileza e a crítica que o filme tenta fazer da forma mais clara e rasa possível ao sistema de vigilância estadunidense mal se conecta com o caos que acontece no mundo, o que denuncia outro problema grave do longa: a montagem. Uma hora tudo está sendo destruído, há uma pausa para o drama familiar e vice-versa, não conseguindo encontrar um ritmo adequado que justifique as intermináveis 1h30 de duração e seja capaz de estabelecer uma conexão do telespectador com os personagens ou com a narrativa.


É uma bagunça completa, que não consegue sequer entreter. Sabe quando alguém diz “é tão ruim que é bom?”, pois aqui o ruim consegue ser piorado. Parece genuinamente um roteiro escrito por uma IA, que reúne todos os clichês do gênero, e uma direção que não consegue dar um lampejo de vivacidade, pouco imaginativa. É um filme feito de má vontade e essa indiferença é o maior sentimento que a produção consegue despertar. 


Nota: 0/5 


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