Crítica | A Namorada Ideal (Minissérie do Prime Video)
- Filipe Chaves
- há 1 dia
- 2 min de leitura
Olivia Cooke e Robin Wright se enfrentam em um jogo de gato e rato previsível, mas viciante

O clichê quando bem trabalhado, é, no mínimo, muito divertido. Felizmente é o caso desta nova produção do Prime Video, em que Robin Wright é Laura, uma mãe superprotetora com uma vida perfeita. Uma bela carreira, marido amoroso e o filho prodígio Daniel (Laurie Davidson). No entanto, seu mundo é abalado com a chegada de Cherry, papel de Olivia Cooke, a nova namorada de Daniel. Laura acredita que a moça é uma alpinista social e está escondendo algo, mas será que ela está apenas paranoica? A narrativa é contada através dos pontos de vistas de ambas, o que é um diferencial, lembrando The Affair, mas ainda assim sem muita profundidade no texto e o que confere alguma nuance às personagens são as performances fantásticas de Cooke e Wright.
Laura é uma mulher rica, composta e gosta de controlar tudo ao seu redor. Cherry é pobre, veste roupas curtas e ambiciona uma vida mais luxuosa. O que as une é o principal fator que as separa: o amor por Daniel. O rapaz é um tanto desinteressante para nós que assistimos e ainda bem que o enredo gira em torno das duas. Ambas estão ótimas e é crível que há sentimentos reais envolvidos ali, mesmo com toda manipulação e intrigas. Elas elevam o nível da coisa deixando o drama e o suspense muito mais palpável.
Robin Wright – que também dirige os três primeiros episódios, dando um tom elegante ao roteiro folhetinesco – finalmente se desprende da robótica – pelo menos nas últimas temporadas – Claire de House of Cards, com expressões sutis, dada a finesse da persona, mas sem se perder quando a cena pede intensidade. Olivia Cooke, que é sempre um desbunde, é a melhor coisa da minissérie. A atriz consegue atingir todas as notas que o roteiro dá a sua Cherry e ir além. Por meio do texto, não é difícil notar que a moça realmente é uma interesseira, mas é através dos olhares e trejeitos de Cooke que sabemos que ela é muito mais.

Em seis episódios temos reviravoltas descabidas e muito melodrama nesta história de traições e intrigas. Como eu disse, lembra The Affair, na questão dos pontos de vista, mas é muito mais Revenge, com uma produção notoriamente mais cara e caprichada, tendo a rivalidade feminina como escopo e as armações dignas de um bom novelão.
O final, onde tudo culmina e a rixa chega ao ápice, tem as sequências mais previsíveis e convenientes, mas são salvas pela direção de Andrea Harkin – que comandou as três últimas horas dando seguimento ao firme trabalho de Wright nas três primeiras – e pela entrega visceral das protagonistas. A cena final, apesar de ser esperada, é de arrepiar e encerra bem a história, com uma trilha sonora pontual – que é outro dos pontos altos da produção – que é a cereja do bolo e combina perfeitamente com a atmosfera sexy e folhetinesca da minissérie. O entretenimento é garantido aqui, faça sentido ou não.
Nota: 3,5/5