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Crítica | A Roda do Tempo (3ª temporada)

  • Foto do escritor: Vinicius Oliveira
    Vinicius Oliveira
  • 21 de abr.
  • 4 min de leitura

Série surpreende com sua melhor e mais sólida temporada até o momento e se mostra a mais interessante da fantasia na atualidade.

Divulgação


Quando lançada em 2021, A Roda do Tempo correu o risco de ser eclipsada pelo potencial de O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder, o que parecia quase irônico, considerando que os livros originais de Robert Jordan sempre sofreram comparações com o universo de Tolkien. Mas a confiança da Amazon Prime Video foi o suficiente para renovar a série (um hit surpresa em seu primeiro ano) para mais duas temporadas. Essa confiança se mostra válida, pois, embora a segunda temporada tenha passado longe de ser brilhante, corrigiu diversos problemas da primeira, e agora em sua terceira a série encontra seu tom e identidade com uma surpreendente maturidade e solidez.


Mantendo a estrutura da temporada passada de apostar em núcleos separados, aqui temos em torno de quatro blocos principais: Rand (Josha Stradowski), agora revelado ao mundo como o Dragão Renascido, viajando ao Deserto Aiel para cumprir as profecias do seu povo nativo enquanto é acompanhado de Moiraine (Rosamund Pike), Egwene (Madeleine Madden) e Lan (Daniel Henney); Perrin (Marcus Rutherford) retornando à sua terra natal de Dois Rios, que vem sendo assolada pela ameaça dos Mantos Brancos e dos trollocs; as intrigas políticas na Torre de Tar Valon, ampliadas pela chegada de Elaida Sedai (Shoreh Aghdashloo) para lançar suspeitas sobre Siuan Sanche (Sophie Okonedo); e a missão de Nynaeve (Zoe Robbins) e Elayne (Ceara Coveney), acompanhadas de Mat (Dònal Finn) e Min (Kae Alexander), rumo à cidade de Tanchico para impedir que Liandrin (Kate Fleetwood), agora revelada como uma traidora a serviço do inimigo, ponha as mãos numa arma que a permita controlar Rand.


Ainda que inegavelmente nem todos os núcleos recebam o mesmo desenvolvimento (os em Tanchico e Tar Valon acabam sendo os mais prejudicados em termos de tempo de tela), a temporada consegue equilibrá-los de maneira mais orgânica e com um ritmo mais regular do que a passada, beneficiando-se também do fato de que, mesmo com seus tropeços, as duas primeiras temporadas já nos apresentaram o bastante dos personagens e deste vasto mundo. Isso faz com que a série aqui evite muito da exposição didática que normalmente acomete o gênero da fantasia, inserindo termos, conceitos e lugares com a confiança de que o público irá acompanhar. Às vezes ela vai longe demais (como a introdução de toda uma raça de seres mágicos logo no último episódio quase sem nenhum contexto), mas no geral isso se configura um sinal da maturidade que a série atingiu e também da sua capacidade de não subestimar o público.


Também é evidente que o streaming da Amazon injetou uma quantidade significativa de dinheiro que permite à série esbanjar proezas técnicas e visuais que em nada devem às suas contemporâneas Anéis do Poder e A Casa do Dragão. Ainda que em algumas cenas o orçamento ainda pareça limitado (como na perseguição de um trolloc a um grupo de pessoas ou uma batalha noturna, ambos no penúltimo episódio), longe se vai o CGI capenga da primeira temporada que chegou até a virar motivo de piada. Conforme exploramos mais desse mundo, seja em locações ou através dos efeitos visuais, o orçamento da temporada felizmente acompanha esse crescente escopo e senso de grandiosidade.

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A evolução da temporada também se reflete no desenvolvimento dos personagens e também das performances do núcleo mais jovem, sempre um ponto focal das minhas críticas à série. No meu texto da segunda temporada comentei que não conseguia ver Stradowski à altura do peso de protagonista que Rand exigia (mesmo que este em si não fosse nem de longe um dos melhores personagens da obra original); aqui, porém, ele parece enfim entregar seu peso, especialmente no quarto e último episódios – o quarto, aliás, pode vir a ser o grande destaque da temporada, conforme apresenta mais do passado deste mundo pelos olhos de Rand. Da mesma forma, tramas que já tinham sido exploradas à exaustão, como o luto de Mat por sua esposa e a inabilidade de Nynaeve com seus poderes, parece enfim serem resolvidas. Dito isso, é inegável que o elenco adulto continua a brilhar, com destaques para Pike, Okonedo (ambas relacionadas à cena mais devastadora da temporada) e Aghdashloo, que impõe presença e autoridade em cena com sua personagem ambígua e se revela a melhor adição à série na temporada.


O terceiro ano de A Roda do Tempo pode não solucionar todos os problemas da série, mas certamente se sobressai em relação aos dois primeiros, indicando que a produção enfim se encontrou e acertou o tom que busca imprimir a uma narrativa tão complexa e grandiosa. Resta torcer pela renovação de modo que todos os 14 livros da saga possam enfim ser adaptados, mesmo que com as mudanças necessárias e bem-vindas; afinal de contas, não é exagero dizer que à esta altura do campeonato a série se mostra a mais interessante de se assistir atualmente dentro do gênero da fantasia.


Nota: 4/5

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