Crítica | Anônimo 2
- Ávila Oliveira
- há 3 dias
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Continuação repete a mesma fórmula do anterior e desperdiça potencial de expansão.

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Anônimo 2 acompanha Hutch Mansell (Bob Odenkirk), um pacato pai de família com um passado violento, que mais uma vez é forçado a confrontar antigos perigos quatro anos após o primeiro filme - desta vez, em meio a segredos familiares e uma viagem com a família a um hotel controlado por um traficante.
O primeiro filme da franquia, lançado em 2021, se apresentou tal qual seu protagonista, de forma despretensiosa, contida e sem prometer muita coisa, mas durante seu desenvolvimento ele cresce e mostra o alcance explosivo e a valorização da ação intrínseco ao seu texto e à natureza do personagem. Pois bem, o que funciona muito bem no longa anterior funciona apenas bem neste segundo, afinal, o efeito surpresa e a apresentação dos personagens não sustentam o mesmo impacto aqui, o que é natural para todo segundo filme, mas ao escolher trazer de volta a mesma estrutura narrativa ele deixa passar a oportunidade de impactar de qualquer outra maneira, na forma ou no enredo. E isso prejudica, por assim dizer, especificamente o início e o final do filme, uma vez que o “meio” requer apenas um texto simples para sustentar toda a porradaria que é vista.

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A direção do indonésio Timo Tjahjanto valoriza as sequências de ação de forma precisa. A ação é, depois de Hutch, a segunda pessoa mais importante, mas até mesmo ela parece ter sido comprometida com o molde preexistente. Tudo parece estar cumprindo a cartilha e nada consegue se desvincular do passo a passo narrativo a ponto de ganhar vida própria, ou pelo menos cara própria.
O elenco segue sendo um dos meus pontos altos, especificamente as adições de Colin Hanks e Sharon Stone que possuem bons momentos cômicos e contribuem para a criação do tom irônico constante. Inclusive fica a impressão de que os papéis desses atores tiveram mais cenas retidas na sala de montagem do que todos os outros, tamanha a carência de mais tempo de tela para com eles.
Não é como se o resultado aparente preguiça ou descaso, é fácil de perceber que a intenção é mesmo criar um modelo de estrutura para a franquia (que certamente deve perdurar), o que não significa que reformulações e novas abordagens dentro dessas arestas não sejam bem-vindas. Adaptando um grandíssimo clichê do boca-a-boca, Anônimo 2 não é melhor, nem pior que o anterior, é apenas diferente – e nem tão diferente assim também.
Nota: 3/5