top of page
Background.png
capa-cabeçalho-marco2025.png

Crítica | Homem com H

  • Foto do escritor: Ávila Oliveira
    Ávila Oliveira
  • há 5 dias
  • 2 min de leitura

Mesmo num molde já conhecido, filme cria bons momentos e Jesuíta Barbosa conduz com maestria.

Divulgação


Cinebiografia de Ney Matogrosso, Homem com H apresenta a intensa trajetória do artista desde a infância até se tornar uma das grandes figuras da música e cultura brasileiras. O filme acompanha a origem em Bela Vista no Mato Grosso do Sul e os constantes embates familiares em razão dos preconceitos de seu pai. Ao sair de casa e se mudar para São Paulo, Ney dá início à sua carreira artística. Com uma voz única e uma veia criativa e performática inesquecível, Ney Matogrosso compõe um terço da banda Secos & Molhados e enfileira sucessos como Rosa de Hiroshima e Sangue Latino em meio à repressão da ditadura militar. Passando por cada fase de sua carreira, Homem com H conta a história de vida de um ícone artístico, demonstra sua identidade revolucionária e arrebatadora, seu ímpeto libertário e sua inconfundível presença de palco.


Homem com H não foge do modelo preestabelecido de cinebiografias que evitam recortes menores da vida de uma personalidade e escolhem dar conta de várias etapas nos limitados minutos de sua duração. Isto implica que inevitavelmente alguns tópicos serão mais aprofundados que outros, e que nem todos os personagens secundários terão a mesma atenção no texto. Mesmo assim, o longa consegue equilibrar vários pratos, de várias vertentes artísticas e pessoais, sem deixar nenhum cair e não deixa assuntos pelo caminho, conseguindo fechar as sub-narrativas precisamente.


O cineasta Esmir Filho consegue, mesmo dentro dessa estrutura preconcebida, criar sequências bastante originais, embora deixe claro em alguns momentos suas referências, dando sempre um frescor à narrativa. O texto consegue acompanhar a inquietude de Ney desde sua infância, com muito abuso físico de seu pai, até sua vida adulta cheia de conquistas. E visual também fica à altura da genialidade do artista-protagonista. Esmir escolhe sempre mostrar as inspirações e motivações de Ney de forma clara, porém não explícita ou expositiva demais, elas são costuradas em meio aos números musicais e situações pinçados para apresentarem determinados contextos.

Divulgação


Jesuíta Barbosa não entrega nada menos que um trabalho irretocável. Constantemente falo isso em textos sobre cinebiografias, mas fico sempre com um pé atrás quando sei que vou assistir a um filme onde a figura retratada é conhecida por ter traços artísticos ou de personalidade facilmente identificáveis e que costumam ser replicados nas mais diferentes abordagens, positivas ou negativas. Mas o trabalho de Jesuíta nunca soa mimético, desrespeitoso ou artificial, é uma atuação estudada, empolgada e emocionada. O ator sabe ser visceral, delicado e sentimental, na voz, no olhar e especialmente no corpo, três elementos importantíssimos na contação da história. Grande trabalho dos coadjuvantes que dão as cores e os tons aos mais diversos acontecimentos de uma vida cheia de pontos altos.


No mais, o filme consegue deliciar e emocionar o espectador com um enredo bem desenhado e uma figura infalível. Se nada descrito for o suficiente, apenas o fato de poder ouvir algumas das mais icônicas canções da música popular brasileira deveriam bastar para a representação de um filme básico. Ainda bem que ele vai muito além disso.


Nota: 3,5/5


Comments


bottom of page