Crítica | Honey Bunch (TIFF 2025)
- Gabriel Sousa

- 5 de set.
- 2 min de leitura
Falta de fé em si mesmo mina o potencial do filme.

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O ano de 2020 será amplamente lembrado por diversos motivos, mas um deles não será o cinema. Entre os inúmeros acontecimentos daquele ano, a estreia na direção da dupla Dusty Mancinelli e Madeline Sims-Fewer, Violation, acabou caindo no esquecimento do grande público, apesar de alguns momentos “polêmicos” do filme ainda circularem nas redes sociais de tempos em tempos.
Cinco anos depois, a dupla retorna com uma proposta muito mais refinada e com recursos mais robustos. Em Honey Bunch, estrelado por Grace Glowicki, Ben Petrie e Jason Isaacs, acompanhamos a história de uma instituição médica que oferece um tratamento para recuperação de memórias após acidentes graves.
Os diretores conseguem estabelecer um mundo interessante, explorando bem os elementos de suspense e tensão através dos personagens de Glowicki e Petrie. No entanto, a partir da entrada de Isaacs, o filme se divide em duas linhas narrativas que, apesar das tentativas constantes de conectá-las, não funcionam em conjunto. A trama do casal principal sustenta o filme, com seus mistérios e intrigas, enquanto a personagem de Glowicki tenta recuperar suas memórias em meio a estranhos acontecimentos ignorados pelos demais da instituição. Já o personagem de Isaacs não chega a ter importância para a narrativa principal até os últimos 20 minutos, quando toma uma decisão clichê que quase me fez deixar a sessão para evitar uma decepção ainda maior.

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Fica a impressão de que o cinema canadense ainda teme apostar em suas grandes estrelas, como Glowicki e Petrie, que não são apenas atores, mas também recentes diretores de filmes independentes de sucesso moderado, Dead Lover e The Heirloom, respectivamente. Em vez disso, recorre-se à presença de um ator estrangeiro com uma fanbase específica, numa tentativa de tornar o filme mais atraente para o público internacional.
Entre os pontos altos do longa estão a intrigante fotografia e o deslumbrante design de produção. O universo criado nos transporta aos anos 1970, com um toque místico e enigmático que oferece pistas sobre o verdadeiro tema do filme. A caracterização dos personagens, em diferentes momentos e estilos ao longo da narrativa, é feita com precisão, nunca deixando o espectador confuso sobre quem estamos acompanhando.
Infelizmente, a falta de originalidade e a hesitação em apostar em seus próprios talentos acabam sendo os maiores problemas do filme. Enquanto cineastas canadenses como Petrie, Glowicki, Kazik Radwanski e Guy Maddin exploram suas singularidades, Honey Bunch opta por emular o cinema independente de terror estadunidense, um modelo já desgastado, quase tão exaustivamente replicado quanto a “fórmula Marvel” por estúdios como a A24. O resultado é um filme esteticamente envolvente, mas de pouca substância, fadado a se tornar esquecível.
Nota: 3/5





