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Crítica | Looney Tunes – O Filme: O Dia Em Que a Terra Explodiu

  • Foto do escritor: Vinicius Oliveira
    Vinicius Oliveira
  • 17 de abr.
  • 3 min de leitura

Longa extrai o melhor do clássico desenho original e se sobressai em meio à onda de animações insípidas em 3D.

Divulgação


Não sei até que ponto os cartoons de Looney Tunes são conhecidos e apreciados pelas novas gerações, mas particularmente foram os desenhos que mais moldaram minha infância. Incontáveis foram os meus sábados matutinos regados às maluquices de Pernalonga, Patolino, Gaguinho, Frajola e Piu-Piu, Coiote e Papaléguas, Hortalino Troca-Letras, Frangolino, Pepe Le Pew e tantos outros personagens que se tornaram grandes ícones culturais ao redor do mundo. Diante do impacto que eles deixaram sobre gerações de crianças, chega ser curioso que apenas em 2025 tenhamos enfim o lançamento teatral de um filme dos Looney Tunes – lançamento que quase não ocorreu, em mais uma dessas decisões de David Zaslav na Warner Bros. que só posso classificar como estúpida.


Aqui, o diretor Peter Browngardt (também a mente responsável pela mais atual versão dos Looney Tunes em exibição na TV) bebe diretamente da fonte dos clássicos filmes B de ficção científica dos anos 50 – como O Dia em que a Terra Parou e Invasores de Corpos – para contar uma espécie de história de origem para Patolino e Gaguinho (ambos dublados por Eric Bauza no original e por Márcio Simões e Manolo Rey, respectivamente), criados como irmãos e que agora precisam lutar para manter a casa que herdaram do pai adotivo. Para isso, passam a trabalhar numa fábrica de chicletes, onde juntos com o interesse amoroso de Gaguinho, Petunia (Candi Milo/Adriana Torres), se veem envolvidos numa conspiração que aponta para uma figura alienígena invasora que quer controlar os corpos e mentes dos terráqueos.


Em tempos onde a animação 3D tomou conta do mercado e a hegemonia da Disney/Pixar levou a um sem-número de obras que buscam se validar perante o público tentando agradar mais adultos do que crianças com “mensagens profundas”, é gratificante ver uma animação como O Dia Em Que a Terra Explodiu que assume desavergonhadamente as inspirações cartunescas e exageradas dos desenhos de Looney Tunes. O longa não está necessariamente preocupado em atualizar esses desenhos para as novas gerações (mesmo com sacadas contemporâneas divertidas, como a sequência dos protagonistas tentando ser influencers ou o uso de canções de Bryan Adams e R.E.M.), mas justamente em capturar o espírito deles da maneira mais honrosa e acurada possível.


Está tudo ali: o humor bobo e exagerado, a comédia física – e até mesmo violenta – e pastelão, o pé muito bem fincado no nonsense e a articulação das mais variadas referências culturais. O filme até se usa dessas inspirações para brincar com o terror, suspense, ação e outros gêneros, sem nunca perder de vista a comédia – e tudo isso enquanto brinca com as possibilidades da animação 2D, que lhe confere um aspecto ainda mais “clássico” e referente aos desenhos originais.

Divulgação


Talvez o seu maior pecado seja justamente se alongar para além do que já lhe seria cabível, com uma reviravolta nos 20 minutos finais que desconstrói toda a relação antagônica criada com o alienígena invasor, mas que acaba saturando um tanto do ritmo ágil da obra. Além do mais, na dublagem brasileira é perceptível um descompasso entre os trabalhos de vozes dos coadjuvantes, pouco convincentes, e dos personagens principais. Ouvir as vozes de Manolo Rey e Márcio Simões foi um verdadeiro deleite que me remeteu à minha infância, e é nítido como o trabalho já estabelecido deles com esses personagens basicamente engole os trabalhos de vozes dos outros personagens (ainda que tenhamos o grande Mauro Ramos dublando alguns dos coadjuvantes também).


Sob muitos aspectos, O Dia Em Que a Terra Explodiu parece uma anomalia para as animações contemporâneas, mas justamente por isso o longa se mostra uma experiência tão refrescante, que se mostra à altura do legado deixado pelos desenhos de Looney Tunes. São apenas algumas atualizações aqui e acolá para traduzir tudo que esses desenhos faziam de tão bom e memorável para as novas gerações, mas este é sobretudo um filme interessado em divertir e nos fazer rir com seus exageros – e isso ele faz muito bem.


Nota: 3.5/5

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