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Crítica | M3GAN 2.0

  • Foto do escritor: Ávila Oliveira
    Ávila Oliveira
  • 26 de jun.
  • 2 min de leitura

Mesmo divertido, longa se estrutura em cima de um roteiro pró-IA indefensável e caótico.

Divulgação


Dois anos após M3GAN, uma maravilha da inteligência artificial, se tornar desonesta e embarcar em uma fúria assassina (impecavelmente coreografada) que provocou a sua destruição, a criadora de M3GAN, Gemma (Allison Williams), tornou-se uma autora de grande prestígio e defensora da supervisão governamental da IA. Mas a sobrinha de Gemma, Cady (Violet McGraw), agora uma adolescente de 14 anos, rebelou-se contra as regras superprotetoras de Gemma.


Chega a ser vexatório ver que a mesma Hollywood (ou boa parte dela) que passou meses em greve brigando pelos direitos dos artistas e profissionais que estavam perdendo espaço para trabalhos porcos de IA agora apresente tanto filme tentando empurrar inteligência artificial goela à baixo. Se um dia a romantização de uma forma de mente pensante inorgânica era motivo de filmes encantadores e reflexivos sobre as possibilidades de um futuro distante e cheio de oportunidades impensáveis para novas formas do homem viver sua vida com qualidade, hoje, com a realidade bizarra de desdobrando perante nossos olhos, o tema parece não ter força nem espaço para idealizações poéticas.


A trama aqui gira em torno do conflito hipotético e infantilizado entre uma IA do bem e uma IA do mal. E em meio a uma confusão de personagens desinteressantes, sequências de luta, suspense sofrido e argumentos rasos para defender essa briga, o filme se sai bem em um ou dois  momentos de humor que quebram o emaranhado de abordagens ruins sobre a pauta, em especial o vergonhoso discurso final que prega uma coexistência harmônica entre humanos e robôs. Mas até mesmo os momentos engraçados esquecem a hora de parar e se prolongam por segundos preciosos desgastados que fazem a piada perder a graça, como uma cena específica que toca uma canção da Kate Bush.

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M3GAN 2.0 é em tudo mais exagerado do que o primeiro, e muitas das escolhas narrativas repetidas ficam pelo meio do caminho, como uma nova versão da cena de dança, por exemplo, que nessa segunda vez já não tem graça nem impacto. O terceiro ato quase todo busca se sustentar em cima de reviravoltas que não impressionam por terem sido apresentadas quando o filme já expôs quase todos os recursos alegóricos e textuais possíveis para os gêneros trabalhados.


É uma bagunça que diverte sim em alguns momentos, mas que passa o tempo todo mediando situações antagônicas sem tomar partido, e quando resolve se posicionar joga contra tudo que serviu de motivação para o argumento, de forma covarde e sem qualquer personalidade, afinal, a tecnologia sempre vence, sempre muda, sempre evolui e merece todo perdão dos humanos malvados que não ensinaram direito as IAs direito como a vida funciona. Cafona.


Nota: 2,5/5


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