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Crítica | Mythic Quest (4ª temporada)

  • Foto do escritor: Vinicius Oliveira
    Vinicius Oliveira
  • 27 de mar.
  • 3 min de leitura

Apesar de algumas repetições narrativas, série da AppleTV continua prezando pela consistência (e humor afiado).

Divulgação


Uma das joias escondidas do catálogo da AppleTV, Mythic Quest tem mantido um caminho relativamente estável desde sua estreia lá em 2020. A aposta do streaming para as comédias em ambiente de trabalho como The Office (com os toques ácidos de Community e It’s Always Sunny in Philadelphia por compartilhar nomes no elenco e na equipe com ambas), a série usa do universo dos games para construir as situações humorísticas mais absurdas, sem nunca perder de vista as relações entre seus personagens, por mais caóticas que sejam.


Nesta quarta temporada, a série se bifurca em dois núcleos principais: aquele em que Ian (Rob McElhenney) e Poppy (Charlotte Nicdao) trabalham na sua expansão intitulada Elysium, enquanto os atritos pessoais e profissionais entre eles se manifestam, especialmente agora que Poppy está em um relacionamento; e o trio formado por Dana (Imani Hakim), Brad (Danny Pudi) e Jo (Jessie Ennis), que trabalham em torno do sucesso de Dana com seu jogo Playpen. Ambos os núcleos são conectados por David (David Hornsby) e Rachel (Ashley Burch), que trabalham para manter a empresa Mythic Quest viva, mesmo com tudo que conspira (comicamente) contra eles – inclusive eles próprios.


A série nunca se furtou a mudar drasticamente o status quo dos personagens e da empresa quando necessário – de fato, o final da segunda temporada poderia até ser encarado como um encerramento da série. E, embora a terceira temporada tenha ficado um pouco abaixo das duas primeiras, mesmo com ótimos momentos (como o episódio focado nas infâncias de Ian e Poppy, um dos melhores da série), esta quarta temporada resgata o frescor dos anos iniciais para se consolidar como a mais consistente até o momento, mesmo com alguns percalços.


Muito disso vem do fato de que ela parece mais interessada em examinar o estado em que seus personagens estão após toda a jornada que tiveram até aqui do que em necessariamente alterar toda a dinâmica que os envolve. Isso é particularmente evidente no arco de Ian e Poppy: embora alguns momentos pareçam repetições do que já vimos entre os dois antes, especialmente em suas brigas, é perceptível a relação dos dois evoluiu e amadureceu bastante desde os primeiros dias da série. Ouso dizer que ambos têm uma das melhores dinâmicas platônicas nas séries atuais, junto com Carmy e Syd em The Bear, embora o final sugira uma mudança chocante para esse relacionamento que me deixa bastante curioso para o que está por vir.

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Entretanto, eu diria que, ainda que sejam o coração e a alma da série, Ian e Poppy nem de longe são os personagens mais interessantes da temporada. Desde o ano anterior defendo que David Hornsby se tornou a grande estrela do show, aperfeiçoando seu David neurótico, ingênuo e desesperado por validação – ou seja, a pior (ou melhor?) pessoa para estar numa posição de poder como precisou assumir. Suas dinâmicas com o inescrupuloso Brad ou a assustadora Jo conferem alguns dos momentos mais cômicos e icônicos da temporada. Infelizmente, embora a relação de Dana e Rachel entregue um bem-vindo conforto – culminando no quarto episódio, que já entrou para o hall dos melhores da série – as duas personagens são as mais desinteressantes do elenco, ofuscadas até por Carol (Naomi Ekperigin), cujas poucas aparições sempre me deixam querendo mais dela.


Entre muitos acertos e alguns erros (estes que parecem inerentes à estrutura da série e que dificilmente serão abolidos), além de um final que certamente será bem divisivo, a quarta temporada de Mythic Quest em nada deve às antecessoras, justificando a longevidade da série dentro do catálogo ainda recente da AppleTV. Torço para que seus criadores saibam encontrar um fim adequado antes que a fórmula se desgaste, mas do que tenho visto até aqui, tal fórmula segue firme e forte.


Nota: 4/5

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