Crítica | O Telefone Preto 2
- Ávila Oliveira

- 15 de out.
- 2 min de leitura
Continuação solta as amarras narrativas e cresce para todos os lados

Foto: Reprodução
Quatro anos após escapar do Grabber, Finney Blake (Mason Thames) luta com sua vida após o cativeiro. Quando sua irmã Gwen (Madeleine McGraw) começa a receber ligações em sonhos do telefone preto e a ter visões perturbadoras de três garotos sendo perseguidos em um acampamento de inverno, os irmãos se determinam a desvendar o mistério e confrontar um assassino que se tornou mais poderoso na morte e mais significativo para eles do que qualquer um poderia imaginar.
Ainda carrego a decepção com a resolução do primeiro filme, onde esperava uma grande reviravolta ou uma metáfora cheia de camadas, mas achei uma resolução básica demais para o trato até bem refinado que a direção de Scott Derrickson apresentou. E o diretor repete sua estilosa e granulada condução em O Telefone Preto 2 (2025). Ele não se apressa em construir momentos e gosta de explorar ambientes ao máximo antes de entregar os sustos ou os pontos de inflexão.
E talvez saber exatamente o que é o “efeito surpresa” ao iniciar uma nova história deixe a narrativa mais solta, sem a necessidade de criar tensão para um desfecho possivelmente comprometedor. Dessa vez o que fica faltando são detalhes que justifiquem o que cedo o espectador entende como questão motivadora do texto, e devagar o roteiro se desdobra ajudando a montar um quebra-cabeças que, por ter regras próprias, hora convence e hora parece instável ou raso demais para segurar suas pontas, mas monta de toda forma.

Foto: Reprodução
Desta vez o texto orbita mais ao redor da furiosa e apreensiva Gwen. Madeleine McGraw sustenta o filme como se tivesse esperado a vida inteira por aquela ligação. Ela está afiada, emotiva e assombrada, é a principal veia pulsante do texto e também das cenas. Mason Thames volta mais contido, mas não menos denso e magnético. E o mascarado Ethan Hawke é agora um assombração onírica que permeia entre o real e o imaginário ainda mais sem pudor do que no filme anterior.
Mesmo Derrickson levando seu trabalho tão à sério quanto possível, o viés lúdico de O Telefone Preto 2 (2025) fez com que o universo da história se expandisse e harmonizasse bem com o absurdo. Ainda assim o longa consegue nutrir emoções, brincar com o humor e ter um resultado positivo em meio a falas explicativas demais e conclusão autoindulgente.
Nota: 3,5/5





