Curta-metragem “Fogo nos Macacos” aborda masculinidade negra, saúde mental e racismo
- Oxente Pipoca

- há 1 dia
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Filme tensiona masculinidades negras e conflitos geracionais em uma narrativa potente e simbólica

Entre tensões cotidianas, um gesto simbólico revela feridas raciais e afetivas em uma família negra. Essa é a premissa do curta-metragem Fogo nos Macacos, que segue consolidando sua trajetória em prestigiados festivais de cinema e reafirmando a potência do audiovisual produzido fora dos grandes centros. O filme tem direção de Clementino Jr. e Daiana de Souza, é produzido pela Haber Produções e distribuído pela Floriô de Cinema.
Com Izabel Rezende, Ricardo Romão, Carol Haber, Ray Senna e Gabriel Benevenuto no elenco, na trama, um casal macaense se desloca com o filho até a periferia do Rio de Janeiro para que bebê conheça o avô. O encontro, marcado por tensões entre gerações, culmina num clímax emocional provocado por um símbolo silencioso, mas poderoso: os macacos. “É um filme para um público corajoso, que não se melindra com o título ou espera clichês. É singular. Quem assistir, vai entender do que se trata”, afirma Clementino Jr.
Fogo nos Macacos utiliza dos artifícios do drama familiar para tensionar questões sociais concernentes ao racismo estrutural, masculinidades negras e conflitos intergeracionais. O filme se insere em uma linhagem de obras que tensionam os limites entre a ficção e a denúncia, evocando referências como “Marte Um” (2022) e “Nada” (2017), de Gabriel Martins, e “Eu, Minha Mãe e Wallace” (2018), dos Irmãos Carvalho, ao tratar com delicadeza e força poética as camadas de identidade, violência e afeto em corpos e territórios racializados. A narrativa, marcada por silêncios significativos, incômodos simbólicos e embates necessários, aposta em uma abordagem que acredita no gesto artístico como enfrentamento.

Baseado no conto homônimo da própria diretora, Daiana de Souza, Fogo nos Macacos foi originalmente publicado na coletânea Rio de Contos (2024) e semifinalista do Prêmio Loba (2025). “É o reconhecimento de um texto potente que fala não apenas das feridas - individuais, sociais e históricas - mas também do processo de cura, do olhar atento ao que é mais importante”, explica Daiana. “Escrever é uma ação solitária, você e o computador. Mas isso não quer dizer que o seu repertório não tenha sido construído a partir da escuta, leitura e visualização de muitas pessoas e obras. Então há um coletivo mesmo nessas horas passadas sozinha em frente a tela do notebook”, completa.
Estreado no circuito de festivais no 22º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, no Mato Grosso, o curta-metragem fez passagem no 5º Festival Mate com Angu, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e também já foi anunciado na seleção oficial do 18º Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, considerado o mais importante evento de cinema negro da América Latina. Daiana celebra: “A adaptação para o audiovisual foi incrível, com uma equipe dedicada e que viu naquela história algo que também era dela. A Haber Produções apostou e teve sucesso na captação via políticas públicas e fez o filme nascer”.
O curta, gravado em Macaé, no interior do Rio de Janeiro, é uma realização da Haber Produções, que se dedica à criação de narrativas autorais, disruptivas e de impacto, que rompem com o senso comum e propõem novas formas de ver e sentir o mundo. A participação do filme no maior encontro de cinema negro da América Latina é muito significativo para todos os envolvidos. “Essa é a primeira produção audiovisual com patrocínio realizada pela Haber Produções. Tenho certeza que isso abrirá muitas portas para a nossa equipe”, comemora a produtora executiva Carol Haber.
Fogo nos Macacos é um projeto realizado com patrocínio do Governo Federal, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, por meio da Lei Complementar nº 195/2022 – Lei Paulo Gustavo.
Confira o trailer aqui.





