Lista | Os filmes de “Missão: Impossível”, ranqueados
- Vinicius Oliveira
- 18 de mai.
- 6 min de leitura
Do bom à obra-prima, o ranking de uma das melhores franquias de Hollywood.

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Em minha última análise sobre a franquia Missão: Impossível, destaquei que o segredo do seu sucesso ao longo dos seus 30 anos de existência repousava em três pilares: 1) a busca por uma consistência, mesmo com as diferentes identidades que a franquia assumiu através dos anos nas mãos de cada diretor que trabalhou nela; 2) um senso de seriedade e comprometimento com o que se faz, mas sem perder de vista o entretenimento e o espetáculo; e 3) o compromisso de Tom Cruise em tornar esse espetáculo possível. Com o lançamento do oitavo – e talvez último – filme estrelado por Cruise, O Acerto Final, é hora de vermos aonde ele se encaixa no ranking da franquia, que envelheceu como um bom vinho nas mãos de cinco diretores diferentes e lucrou até o momento mais de 4 bilhões de dólares.
8) Missão: Impossível III (2006)

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O terceiro longa da franquia foi lançado em meio a um dos períodos mais conturbados da vida pessoal e profissional de Tom Cruise (como esquecer a sua bizarra entrevista no programa de Oprah Winfrey?), e talvez isso tenha se refletido em sua bilheteria, a menor dentre todos os filmes até hoje. De fato, é um longa que sofre com a falta de personalidade do então novato J.J. Abrams na direção – especialmente considerando que tivemos Brian DePalma e John Woo capitaneando os dois longas anteriores –, com cenas de ação que tentam emular a estética da franquia Bourne, mas sem o mesmo sucesso. Apesar disso, é o filme que consagra o lado mais humano e passional de Ethan, fundamental para os filmes seguintes, além de introduzir dois personagens cruciais a este universo: Benji (Simon Pegg) e Julia (Michelle Monaghan). E é claro que eu não me esqueceria dele, o melhor vilão que a franquia já teve: Owen Davian, vivido pelo saudoso Philip Seymour Hoffman.
7) Missão: Impossível II (2000)

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Certamente o mais controverso dentre os oito filmes, este é um clássico caso de “ame-ou-odeie”; eu, particularmente, tive minhas fases de achá-lo fraco e ridículo, mas o tempo lhe fez justiça. A entrada de John Woo no lugar de DePalma direcionou o foco para a ação, e embora não seja o longa que melhor exemplifique os talentos de Woo no gênero, mostra o diretor comprometido com seus habituais exageros e intensidade dramática, com direitos às suas câmeras lentas (e pombas) de lei. Além disso, é um filme que fica muito melhor quando se pensa nele como um remake não-declarado de Interlúdio, de Hitchcock, além de aqui vermos, em meio ao status quase semidivino que Ethan alcança, relances da sua compaixão e empatia fervorosas que seriam exploradas mais a fundo nas demais sequências.
6) Missão: Impossível (1996)

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O começo de tudo. E que começo. Subvertendo a proposta da série original na qual a franquia é baseada ao transformar o que seria uma trama coletiva num “show de um homem só” – embora aqui já tenhamos o primeiro e mais importante parceiro de Ethan, Luther (Ving Rhames) –, Missão: Impossível pode ser lido superficialmente como um filme que existe apenas para Tom Cruise manifestar toda a sua personalidade egóica e megalomaníaca, mesmo que seja uma obra significativamente mais contida do que suas sequências. Entretanto, é um filme que dialoga inteligentemente com seu tempo, usando a premissa da série clássica para se posicionar em meio a uma nova dinâmica global, e ajuda muito ter um diretor do calibre de Brian DePalma aqui, se valendo de todo o seu aparato voyeurístico e de seu interesse na dinâmica psicossexual entre os personagens. Pode não ser o melhor, mas é o que melhor articula a parte da espionagem na franquia – e, fazendo jus ao seu diretor, é o mais tesudo.
5) Missão: Impossível – Acerto de Contas pt. 1 (2023)

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Vindo com a promessa de ser a primeira parte da épica conclusão da franquia, Acerto de Contas pt. 1 aposta na megalomania mais do que nunca, enquanto aponta para o passado ao explorar conexões com o primeiro filme, até emulando com frequência os ângulos holandeses tão utilizados por DePalma. Ainda que pese a mão no didatismo e descarte uma das melhores personagens que a franquia já teve, é uma obra que cativa e sustenta sua grandeza até o final, além de ser talvez um dos blockbusters recentes que melhor dialoga com o nosso cenário contemporâneo, em razão da cruzada que Cruise empreendeu contra as IAs, retratadas aqui na principal antagonista do filme. Tendo em vista as greves ocorridas em Hollywood naquele ano, não poderia ter saído em melhor hora, o que só torna mais frustrante o fato de sua visibilidade e sucesso terem sido tão prejudicados pelo Barbienheimer.
4) Missão: Impossível – O Acerto Final (2025)

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O oitavo (e último?) filme comandado por Cruise na franquia carrega alguns dos problemas que seu antecessor teve, embora aqui a exposição pareça fluir melhor e algumas das conexões com os primeiros filmes sejam melhor articuladas. Porém, por mais grandioso e megalomaníaco do que pareça, nunca cede ao peso das expectativas, sabiamente apostando numa trama cadenciada que cresce mais e mais, culminando em duas das melhores sequências da história da franquia – a do submarino e a dos aviões –, enquanto traz o rosto e a figura de Cruise mais para o centro do que nunca, sem, no entanto, esquecer do coletivo que tem lhe dado suporte todos esses anos. É a prova de que o ator, ao lado de Christopher McQuarrie (que comandou metade dos filmes da franquia), sabe como ninguém entregar um Cinema-espetáculo que é dotado de identidade e, sobretudo, de humanidade.
3) Missão: Impossível – Protocolo Fantasma (2011)

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Mesmo que Brad Bird só tenha sido responsável por este filme, sua entrada foi fundamental para dar uma nova cara à franquia, que estava ameaçada após a fraca recepção do terceiro filme. Trata-se de um longa que pega tudo de melhor dos seus três antecessores e oferece uma coesão espetacular, estabelecendo uma continuidade lógica para a franquia – sem, no entanto, deixá-la estar acima da autonomia da obra. Também é aqui que o interesse de Cruise pelo espetáculo o leva a explorar e superar seus limites; mesmo que você não seja um fã destes filmes, é difícil não se embasbacar com as imagens do ator no topo do Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, especialmente por saber que ele fez isso sem dublês. Ação, tensão, drama, humor: é no sucesso da articulação e coesão entre esses elementos que reside o trunfo de Protocolo Fantasma, tornando essa a norma para os futuros filmes.
2) Missão: Impossível – Nação Secreta (2015)

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A entrada de Christopher McQuarrie como diretor foi a última peça que faltava para Missão: Impossível enfim alcançar toda a grandeza que lhe era de direito dentro do panteão de Hollywood. Desde a sua primeira cena, com Cruise se pendurando do lado de fora de um avião, sabemos que o ator arriscará sua vida quantas vezes for necessário para nos impressionar... e estamos ansiosos por isso. É talvez o filme que melhor concilie as duas metades que nortearam a franquia – o espetáculo da ação, representado nas cada vez mais elaboradas setpieces ao redor do mundo; e as intrigas da espionagem, ilustradas pelas traições, segredos, jogos de interesse e as icônicas máscaras. E é impossível falar de Nação Secreta sem citar a melhor adição ao universo da franquia: Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), para sempre em nossos corações.
1) Missão: Impossível – Efeito Fallout (2018)

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Mesmo com toda a grandiosidade e dramaticidade dos dois últimos filmes, Efeito Fallout segue sendo o culminar de tudo que Cruise se propôs a fazer em Missão: Impossível. Nada está fora do lugar aqui: o filme consegue explorar tanto o épico quanto o íntimo, questionando até que ponto a compaixão de Ethan é sua força ou sua fraqueza. Pode também ser o blockbuster que melhor soube trabalhar a presença física de Henry Cavill, de uma forma que os longas do DCEU jamais foram capazes, além de sabiamente trazer Rebecca Ferguson de volta para se juntar ao time de Ethan, além dos seus habituais aliados Luther e Benji. Até a maneira como o filme explora o passado do protagonista, resgatando uma personagem tão importante dele, funciona de maneira mais orgânica do que algumas das tentativas que Acerto de Contas pt. 1 e O Acerto Final fizeram. E isso sem falar as sequências de ação de cair o queixo, desde o salto HALO que culmina naquela já icônica luta no banheiro, a perseguição de motos e carros em Paris e um duelo de helicópteros na Caxemira. Em suma: sob todos os aspectos, Efeito Fallout é a grande obra-prima da franquia, e vou além para dizer que é um dos melhores filmes de ação da história.