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Foto do escritorAna Bia Andrade

Crítica | Gato de Botas 2: O Último Pedido

Uma surpresa calorosa e emocionante para todos os públicos

Divulgação: Paramount Pictures


Se fosse possível mensurar o impacto cultural de ‘Shrek’, iríamos precisar de um bom tempo para elencar todas as qualidades da franquia de maior sucesso da Dream Works. Uma das boas heranças que os filmes do ogro mais amado dos cinemas trouxe para o público foi o spin-off ‘Gato de Botas’, lançado em 2011. Depois de quase doze anos do seu primeiro lançamento, o herói felino e destemido volta aos cinemas com a sequência ‘Gato de Botas 2: O Último Pedido’, nos relembrando do potencial que esse universo possui.


Agora, Gato de Botas (Antonio Banderas/Alexandre Moreno) está de volta e pronto para novas façanhas, até o dia em que percebe que gastou oito das suas nove vidas em múltiplas aventuras. Assombrado pelo medo de sua morte final, o gato entra em uma jornada para encontrar a lendária Estrela do Desejo, um artefato capaz de realizar qualquer coisa, incluindo resgatar as sonhadas nove vidas. Entretanto, a corrida pela Estrela não será fácil, já que muitos estão interessados em seus desígnios mágicos.


Com a direção de Joel Crawford e Januel Mercado, ‘Gato de Botas: O Último Pedido’ é uma animação satisfatória em tudo que se propõe a fazer. Diferentemente do seu filme antecessor, a sequência conta com um estilo de animação mais colorido e cartunesco, com movimentações semelhantes a ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ (2019). É assim que ocorre a combinação perfeita entre uma animação mais jocosa e um roteiro simples, porém repleto de camadas. Não é à toa que o longa consegue abraçar a ingenuidade dos contos de fadas e abordar também algumas temáticas mais delicadas, como autodescobrimento, solidão e o medo de nos tornarmos os nossos erros.

Divulgação: Paramount Pictures


É válido destacar também que o roteiro do longa, assinado por Paul Fisher e Tommy Swerdlow, é caracterizado pela clássica fórmula da “caça ao tesouro”, ou seja, há uma divisão de grupos em torno de um mesmo objetivo. Entretanto, seguir um modelo não representa necessariamente uma falha de originalidade. Essa falha acontece quando a execução de eventos não é autenticamente adaptada aos enredos individuais de seus personagens, o que não é o caso de ‘Gato de Botas 2’.


Surpreendentemente, todos os núcleos grupais que acompanham nosso protagonista são bem explorados e ainda possuem aquele toque satírico e semiótico, característica já vista anteriormente em outras produções da Dream Works. Em geral, não encontramos com frequência o tapete voador do Aladdin, o sapatinho da Cinderela e a Espada Excalibur em um mesmo filme. São inúmeras as situações que exploram a riqueza das histórias infantis, porém imersas em um contexto nunca visto anteriormente.


No mais, ‘Gato de Botas 2: O Último Pedido’ é uma surpresa cativante, divertida e extremamente calorosa, consagrando-se na difícil categoria de filmes sequenciais que conseguem superar o seu precursor. Com muita maestria, o longa nos mostra como, em tempos de crise, o lúdico é necessário para enxergarmos uma saída do abismo. Ao seu fim, sentimos aquela velha onda de reconforto e a certeza de que tudo que fazemos é sobre as pessoas que queremos manter por perto. Que satisfatório é pensar que a arte e a animação possam ser as responsáveis por experienciarmos esse tipo de sentimento.


E quem sabe, talvez, outras sequências desse universo não estejam tão tão distantes assim.


Nota: 4,5/5

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