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Crítica | Nem Toda História de Amor Acaba em Morte (Olhar de Cinema 2025)

  • Foto do escritor: Vinicius Oliveira
    Vinicius Oliveira
  • 20 de jun.
  • 2 min de leitura

Acertando numa representatividade surda que transcende as telas, longa constrói história LGBTQIA+ singela, mas não se esforça para ir muito além disso.

Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação

Clichês são empregados por uma razão: eles dão certo. Especialmente em gêneros como o romance e a comédia romântica, muitas vezes sabemos como a história vai se desenrolar, quais conflitos se delinearão no decorrer da narrativa, mas ainda assim somos atraídos pela universalidade do amor. Mas se o amor é universal, então pessoas LGBTQIA+ também não têm direito a vivê-las, com todos os clichês que lhe são devidos?


Nem Toda História de Amor Acaba em Morte, longa paranaense de Bruno Costa, opera na consciência desses clichês, mas se apropriando deles para contar a história de amor entre duas mulheres: a professora de meia-idade, recém-separada, Sol (Chiris Gomes) e Lola (Gabriela Grigolom), uma jovem mãe surda cuja filha é uma das alunas de Sol. Contudo, esta ainda vive sob o mesmo teto que seu ex-marido Otávio (Octavio Camargo), o qual se vê forçado a mudar de vida com o fim do casamento e o novo relacionamento de sua ex-mulher.


Desde o início, o longa se distingue sobretudo na maneira como aborda e representa a população surda, num esforço de representatividade que vai para muito além da integração desses personagens e suas vivências à narrativa, mas também com a presença de intérpretes de Libras para os diálogos dos filmes. Se a presença de seus ícones nos cantos da tela pode desviar a atenção no começo, logo se torna natural, o que é um grande mérito do filme – e um aprendizado a ser seguido por outras produções, tenham elas ou não personagens surdas.


Mas para além desse cuidado, Nem Toda História de Amor Acaba em Morte não foge muito do que seu título aponta: esta é uma história clichê sobre novos amores, mas que evita o tropo das tragédias que normalmente se abatem sobre casais LGBTQIA+. Porém, a construção do relacionamento de Sol e Lola se dá de maneiras um tanto abruptas (que alguns poderiam dizer que é uma questão clássica de relacionamentos lésbicos, mas não parece ser intencional da parte do filme), e em diversos instantes a própria construção de Sol torna a personagem um tanto desagradável e alguém difícil de torcer, mesmo que a ideia seja de que estamos diante de alguém cansada de assumir uma postura passiva na vida e que quer reagir. Mas quando, mesmo que não intencionalmente, nos vemos tendo mais simpatia pelo arco de Octávio do que o das protagonistas (o que é potencializado pelo fato de Octavio Camargo roubar a cena sem esforço), fica claro que em algum lugar o filme perdeu a mão na sua proposta.


Ainda assim, não faltam méritos a Nem Toda História de Amor Acaba em Morte em conseguir trazer a representatividade surda e LGBTQIA+ para uma história de apelo universal. É engraçado, fofo e leve, mas não se propõe a ir além disso – e para alguns isso é ótimo. Mas, ainda que não caiba a ele reinventar a roda dos romances e dos romances LGBTQIA+, sua singeleza não é exatamente o que o fará ser memorável.


Nota: 3/5


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