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Crítica | Downton Abbey: O Grande Final

  • Foto do escritor: Ávila Oliveira
    Ávila Oliveira
  • 11 de set.
  • 2 min de leitura

Franquia encerra saga no cinema da mesma maneira que a série: carismática e inofensiva.

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Divulgação


Downton Abbey: O Grande Final apresenta pela última vez os personagens queridos enquanto a aristocracia e os empregados enfrentam novos desafios, romances, escândalos e transformações sociais. Lady Mary assume o controle de Downton em meio ao seu divórcio e novos relacionamentos, simbolizando o choque entre tradição e modernidade.  


Downton Abbey: O Grande Final chega com a tarefa de encerrar de vez a jornada de uma das séries mais bem quistas da televisão. E, de fato, o filme traz consigo o já conhecido charme da tola e fútil elite inglesa, recheado de momentos românticos e engraçados, e sempre trabalhados na sutileza que acompanhou a produção ao longo das seis temporadas. Existe um carinho evidente em como a narrativa se organiza, na leveza da montagem, na riqueza dos detalhes, no capricho da produção.


Ainda assim, é impossível não perceber que parte da força se perdeu no caminho. A ausência de nomes importantes do elenco, como a homenageada Maggie Smith, deixa buracos visíveis, e isso pesa no andamento da trama. O roteiro até se esforça para contornar essas lacunas, mas a sensação é de que falta a fugacidade que um dia foi natural em Downton Abbey. O brilho que já iluminou as histórias da família Crawley e de seus funcionários agora parece mais tênue, levado quase sempre pela memória mais do que pela novidade.


O texto continua gracioso, usando a passagem do tempo como motivador dramático, da forma que sempre foi. O filme mostra mais uma vez como a alta sociedade britânica precisou se moldar às transformações históricas, encarando as mudanças de frente, mesmo que de forma delicada. A obra segue o tom bucólico que a consagrou, sem pressa e sem picos de energia, o que talvez aqui, como último capítulo, merecesse ser diferente. Até mesmo os pontos de inflexão da história são complacentes demais para criar grandes momentos. 


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Entre os “temas modernos”, aqui ganha espaço o divórcio sob a ótica feminina, tratado como ponto central. Ao mesmo tempo, há um esboço de abordagem em torno da homossexualidade, que, embora não chegue a se aprofundar, traz uma sensibilidade rara dentro desse universo. Esses movimentos dão ao longa ares de frescor, mesmo que envoltos em um romantismo inocente típico de Downton.


O final, carregado de saudosismo, busca relembrar os dias de ouro daquele lugar, daquela ideia, daquela produção que marcou época. E talvez seja justamente aí que mora sua maior força: na lembrança. Downton Abbey: O Grande Final mostra que tudo o que já teve intensidade e brilho, cedo ou tarde se apaga, restando apenas os ecos de tempos mais vibrantes. Não é uma despedida exagerada, afinal esta não é uma característica que refletiu a série, mas um convite a guardar na memória o que essa história um dia representou.


Nota: 3,5/5


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