Entrevista | Diretor e elenco de “Carême – O Rebelde da Culinária” conversam sobre a nova produção do AppleTV+
- Vinicius Oliveira
- 21 de abr.
- 4 min de leitura
Atualizado: 23 de abr.
O processo de produção da série, desafios e a representatividade na França do século XIX foram os temas abordados na entrevista com o Oxente Pipoca.

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Estreia no próximo dia 30 a série francesa Carême – O Rebelde da Culinária, criada por Martin Bourbolon (Os Três Mosqueteiros). Baseada no livro Cooking for Kings: The Life of Antonin Carême, The First Celebrity Chef , de Ian Kelly, a série mescla fatos e ficção para seguir a vida do personagem homônimo (Benjamin Voisin), considerado o primeiro chef celebridade da história, conforme ele navega em meio às tensões e intrigas políticas na França sob o domínio de Napoleão, no início do século XIX, valendo-se de suas habilidades culinárias e também do seu charme para espionar a serviço do misterioso Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord (Jérémie Renier). A crítica da temporada pode ser acessada aqui.
O Oxente Pipoca, junto a jornalistas de diversos outros países, participou de uma mesa redonda coletiva com Bourbolon, Voisin, Renier e as atrizes Lyna Khoudri (Henriette) e Alice da Luz (Agathe). Quando questionado sobre a decisão de apresentar uma França napoleônica mais etnicamente diversa do que aquela apresentada na historiografia oficial, Bourbolon afirma que não se tratou de uma estratégia política por parte dele ou do AppleTV+, mas uma questão de trabalhar com os atores e atrizes certos. No caso de Agathe, braço direito de Carême em sua cozinha, o fato da personagem realmente ter existido foi fundamental para a escolha de Alice para o papel, enquanto Lyna Khoudri já havia trabalhado com Bourbolon nos filmes de Os Três Mosqueteiros e por isso foi selecionada para interpretar Henriette, interesse amoroso do protagonista que conta com uma agenda própria.
Bourbolon também comentou sobre a proposta da série de apresentar a figura de Napoleão apenas em relances no decorrer dos episódios, sem nunca mostrar seu rosto. “Todos nós compartilhamos a ideia sobre o fato de Napoleão ser muito, muito famoso; mesmo que você não seja amigo dele, você já deve ter ouvido falar desse nome, ‘Napoleão Bonaparte’. E essa série não era sobre Napoleão, era sobre Carême, mesmo que estivesse sob o reinado de Napoleão. E ao mesmo tempo, nós também tivemos vários filmes e séries de TV diferentes sobre Napoleão com outros atores muito famosos. Então pensamos no fato de que seria interessante ter uma sombra de Napoleão, mostrando apenas seu braço, seu pescoço, suas costas. Como nos filmes de James Bond, onde você nunca via o Dr. No, o rosto dele – apenas seu braço, seu corpo, e isso dava ao público muito mais medo. E eu estava animado com essa ideia e é a razão pela qual seguimos com essa visão”, disse ele.
Já Voisin e Khoudri discutiram suas cenas favoritas da primeira temporada. Khoudri apontou uma das últimas cenas de seus personagens, no último episódio, que ela e Voisin consideraram que não estavam muito bons, mas como envolvia uma sequência de dança e diversos figurantes, acabou se mostrando uma grata surpresa de se gravar, especialmente pelo fato de que era uma cena importante para seus personagens. Já Voisin destacou as cenas em que ele não está em tela, elogiando sobretudo o trabalho de Mischa Lescot, que interpreta Joseph Fouché, Ministro da Polícia do regime napoleônico e principal antagonista da série. “Ele chegou quase perto da caricatura, mas sempre tornou tudo muito interessante para mim, como o mocinho na história. Você via o vilão que era rotulado como vilão, mas ele é um ótimo ator e há essa espécie de tensão entre nós dois. Fiquei muito feliz com isso, e eu adoro as cenas em que ele está”, declarou ele.

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Por fim, Renier e da Luz discutiram os principais desafios enfrentados por ambos no processo de gravação da série. Para da Luz, tratou-se de manter os relacionamentos entre os personagens se desenvolvendo, não apenas na cozinha, mas também fora dela: “Eu não tinha certeza de como Agathe se comportava fora da cozinha, porque esse era seu lugar seguro. Então eu estava me perguntando como ela se comportaria lá fora, nas ruas. Como ela andaria? Como ela falaria com alguém que ela nunca conheceu? E eu me lembro de uma cena em particular, que era uma cena de conversa a pé e era muito emocional. Sua cozinha, embora fosse um lugar seguro, não era mais naquela cena em particular. Então ela realmente precisava ser muito determinada; tudo na vida dela estava indo de cabeça para baixo”, afirmou ela.
Já Renier pontuou que seu principal desafio foi pensar “fora da caixa” em relação às representações oficiais de Talleyrand, que é costumeiramente retratado como um aristocrata e acabou entrando para a história por suas lealdades mutáveis durante o período da Revolução Francesa e do Império Napoleônico. Segundo o ator, ele queria tornar o personagem crível, através de seus maneirismos e modo de falar, por exemplo. “Eu queria apenas dar a ele um tipo diferente de cor, algumas qualidades humanas, e isso foi um desafio para mim. E o principal era que eu só queria me divertir. interpretando esse papel. Sabe, eu nunca interpretei o ‘vilão’, que é ambíguo, que é ligeiramente maligno, e eu queria brincar com todos esses códigos principais e me divertir. Esse era meu objetivo”, disse ele.
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