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Entrevista | Diretora e diretor musical de “Milton Bituca Nascimento” falam sobre o documentário

  • Foto do escritor: Vinicius Oliveira
    Vinicius Oliveira
  • 20 de mar.
  • 4 min de leitura

Flávia Moraes e Victor Pozas conversaram com o Oxente, Pipoca sobre os desafios de falar de um dos mais importantes nomes da nossa música.

Divulgação


Estreia hoje nos cinemas brasileiros o documentário Milton Bituca Nascimento. Dirigido por Flávia Moraes, o longa acompanha a última turnê do artista, enquanto percorre sua obra e carreira, contando com uma vasta e rica seleção de entrevistados para discorrer sobre o tamanho do legado e da importância de Milton não só para a música e cultura nacional, mas também no exterior.


O Oxente, Pipoca pôde entrevistar Flávia Moraes e o diretor musical do filme, Victor Pozas, para falar a respeito do lançamento da obra e de sua produção. Quando questionada sobre os principais desafios ao se tentar transmitir a dimensão do legado de Milton, Flávia destacou o privilégio de dirigir uma obra que capta esse recorte da última turnê do artista, mas também a ansiedade que sentiu ao dirigir a obra. “Nós fizemos um filme sobre a despedida [dele] dos palcos, então a gente já estava lidando com algumas questões muito definidas: o fim de uma carreira nos palcos, um artista como ele, já com 80 anos, doentinho (...), a primeira preocupação é como lidar com esse material com delicadeza, com respeito, e ao mesmo tempo criar o espaço para que esse filme acontecesse valorizando a obra, a figura, o artista e tudo mais”, diz ela.


Segundo Flávia, a ideia central do filme foi de transformá-lo numa espécie de road movie conforme acompanha Milton e sua equipe passando pelas diversas cidades no Brasil e no mundo durante a turnê. De acordo com ela, essa abordagem levou a dirigir o filme sem um roteiro e ideias definidas anteriormente: “nós tínhamos algumas premissas, alguns conceitos que serviriam de alguma maneira como um suporte para todas as decisões que a gente fez no caminho, mas a ideia era seguir o Milton e levar o público para viajar com ele, com todo o risco que isso significa: as surpresas, as situações que a gente não sabia que se se apresentariam e se apresentaram. Mas no momento em que eu entendi que o próprio Milton era o meu timão e que eu precisava simplesmente segui-lo e criar o espaço que a gente pudesse mostrar a sua intimidade, a sua grandeza e também a sua fragilidade, aí essa angústia passou, se transformou num grande prazer criativo e numa viagem maravilhosa”.

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Um dos principais pontos do filme é o time invejável de entrevistados, tanto a nível nacional (Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Simone, Mano Brown, etc.) quanto internacional (Pat Metheny, Herbie Hancock, Paul Simon, Spike Lee, Stanley Clarke, etc.), além da participação ilustre de Fernanda Montenegro como narradora. De acordo com Victor, essa seleção de entrevistados não foi definida previamente, com muitas dessas personalidades aparecendo até de surpresa para falar com Milton a depender de onde ele estivesse se apresentando. Foi o caso de Spike Lee, que apareceu para falar com ele enquanto a entrevista com Paul Simon estava sendo gravada, o que levou a equipe a precisar segurá-lo por alguns minutos.


“Isso é Bituca. Ele trouxe para gente essa carga de surpresas maravilhosas. Claro que você tem que estar com muito tranquilo, muito seguro para poder conduzir tudo isso e tirar de cada entrevistado o melhor que ele pode te entregar para aquele conceito do filme que na verdade é: ‘como se explica uma figura como Milton Nascimento? Qual é a sua explicação para Milton?’”, diz Flávia, que continua: “Quando o filme vem para o Brasil a gente entende que quando você faz um filme sobre Milton, obrigatoriamente você está fazendo um filme sobre o Brasil, sobre o Brasil profundo. Porque só o Brasil é capaz de gerar um personagem como esse. Isso não existe. Um cara com a história do Milton é praticamente único”.


Quando perguntado sobre as mudanças necessárias nos arranjos das músicas de Milton para se acomodar à sua atual fragilidade física, Victor pontua que seria impossível esconder tal fragilidade considerando a idade avançada do cantor, que já foi chamado por Elis Regina de “A voz de Deus”. Segundo ele, sua preocupação junto a Flávia e Rafael Langone (co-diretor musical do filme) foi mostrar Milton também no auge, cantando canções como “Travessia” em suas versões originais e em seu pleno alcance vocal.


Victor também destaca que toda a parte relativa à banda já estava decidida pela própria equipe de Milton, enquanto seu trabalho foi cuidar dos arranjos e orquestrações para as músicas durante a turnê. “Você vê que não tem nenhuma criação original minha, são todas músicas do Milton, que gravamos com duas orquestras, uma orquestra na Estônia e a orquestra de Ouro Preto, para fazer a trilha sonora do filme. Então essa já foi uma outra parte do trabalho, quer dizer, esse trabalho foi dividido em várias coisas diferentes: a parte de captação, a parte de criação, da trilha sonora, a parte de finalização do áudio que veio do show, já que em cada show também era muito diferente [o modo] como a gente conseguiu capturar isso. Então teve toda essa complexidade aí para fazer”, afirma ele.


Por fim, pedi a Flávia e Victor indicações de filmes brasileiros que eles recomendam para se assistir. Victor indicou Andança: Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho, documentário sobre a icônica artista de samba que está disponível na Netflix. Já Flávia recomendou Santiago, documentário dirigido por João Moreira Salles que se centra no mordomo da sua família.



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